26 abril 2009

It's a new dawn, it's a new day, it's a new life for me...and I'm feeling good

Como vocês perceberão ao final deste post, a partir de hoje não sou mais "C.", sou a Pequena Infame. E de onde eu tirei essa nova identidade? Bem, uma amiga me chama assim, achei pertinente. Sem contar que se pensarmos em PI dá pra fazer analogia com politicamente incorreto. E tem coisa mais divertida nessa vida que ser infame e politicamente incorreta? Bem, não sei se essa vai ser a identidade permanente, mas por enquanto ficamos assim.

Eu não sei qual vai ser a reação de vocês ao novo nome, mas confesso que me livrar do "C." já é um grande alívio. Eu deixo de ser um clichê de anonimato pra me aproximar um pouquinho mais do cartoon que eu sou na vida real.

A falta de noção graça na minha vida. Um dia no trabalho um amigo tava com uma série de documentos, incluindo carteira de trabalho, porque ia pedir visto pra terra do Ronald McDonald. Aí vimos a foto da carteira, ele tinha uns 18 anos. Aí a sem noção que vos escreve conta que tirou carteira de trabalho no início do ano passado quando foi convidada a trabalhar onde atualmente trabalha. Ao notar os olhares incrédulos, só consegui pensar em um argumento e disse como se fosse a coisa mais natural do universo: "mas eu nunca precisei disso antes!". Pois é. Depois dessa ele sempre que pode me chama de mimadinha. Até parece que isso é ruim.

Quando eu caí da escada e tava ainda com o joelho ferrado e sem poder dirigir, em um dos dias que eu estava assim dona mamãe foi me levar no trabalho de manhã. Considerando meu estado e que era um feriado que ela estava enforcando e eu não, nem achei tão absurdo assim. Achei um gesto de carinho e cuidado e só. Mas como eu não valho nada e nesse dia meu amigo tava meio contrariado com uns problemas profissionais, falei pra ele que sabia porque ele tava irritado. Que era porque a mãe dele não o tinha levado ao trabalho. Rendeu boas risadas e uma bela melhorada no humor.

Eu falo besteiras o tempo todo? Sim. Rir é importante. Quebrar a seriedade corporativa é importante. O que as pessoas não parecem perceber, mesmo porque me esforço pra esconder, é que meu lado galhofa tá ali pra contrastar com a absurda seriedade que me é inerente. Porque eu cobro demais e exijo demais de mim mesma. Faz parte da minha natureza Florbela Espanca.

Enfim, o nick muda mas eu sou a mesma.
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21 abril 2009

Right now I feel each and every fragment (ou sobre meu sentimentalismo barato)

Não sei se é a proximidade do meu aniversário ou se é culpa do passar dos anos, mas aquela sensação de que cada vez mais me entrego ao meu lado sentimentalóide parece mais viva que nunca. Tenho sentido tudo e com intensidade. Eu já falei aqui que me ligo em gestos.

Outro dia recebi o link de um vídeo. Uma amiga que está viajando e foi num show do Maxïmo Park gravou um pedaço de Books From Boxes pra mim porque sabe que adoro essa música e mandou o vídeo. Presente pra mim, dizia ela. Achei o gesto bonitinho. De verdade. É daquelas coisas que me deixa com um sorrisinho besta no rosto e faz com que me sinta benquista. É um gesto pequeno, sutil, mas é o que basta. Eu gosto de pequenos gestos.

Em outra ocasião, no local preferido de happy hour de quem trabalha no Centro do Rio, a Lapa, depois de alguns chopes, muitas risadas e piadas infames, decido encerrar minha noite. Vou me despedir das pessoas. Um amigo me abraça. Daqueles abraços mais eloqüentes que um discurso inteiro. Me beija no rosto, diz que me adora e volta a me abraçar forte antes de pedir que eu avise quando chegar em casa. E se antes eu achava que o adorava também, acho que hoje posso dizer que é recíproco quando ele me mandou um sms dizendo me amar. E estamos falando aqui de amor apenas no plano da amizade, sem qualquer segunda intenção ou hidden agenda. E isso me faz feliz.

Talvez no espírito de reparar males anteriores tenha decidido me desculpar recentemente com um cara por ter sido escrota com ele. Ele me pareceu magoado a princípio, ainda que isso não afetasse a amizade. Depois de um tempo resolvemos partir pra sinceridade inconseqüente. Sei que lá pelas tantas me foi dito que uma longínqüa noite foi intensa. O pior de tudo é saber que essa impressão foi unilateral. Eu não sei lidar com pessoas então resolvi não desmentir a impressão alheia.

Agora to aqui pensando em comemoração. No que fazer. E pensando no e-mail que será enviado a algumas pessoas. E a quem vou mandar e-mail convidando. E isso é muito complexo porque eu não queria ser obrigada a convidar algumas pessoas por mera convenção social. Mas sou.

Também to me preparando psicologicamente pro possível choque dos meus mundos. Uns 2 ou 3 deles na verdade. Só o fato de gente do trabalho me ver com outros tipos de pessoas vai ser no mínimo curioso.

Enfim, que venha mais um ciclo. Se acontecer algo bizarro ou surreal vou acabar contando aqui mesmo (desde que não seja absurdamente comprometedor) que eu me conheço. E a saga do meu pseudônimo continua. Confesso que não consegui pensar em nada. Só sei que esse "C." precisa chegar ao fim.
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15 abril 2009

A insustentável preguiça do ser

Eu tinha que estar preparando uma aulinha sobre alguns temas jurídicos mas cadê vontade? Completamente sem saco pra explicar o Decreto do SAC. Completamente sem saco de explicar Responsabilidade Civil nas relações de consumo. Mas tenho que dar aulinha sobre esses temas nos próximos dias. Ai. Preguiça.

Eu devia estar funcionando agora no modo jurídico mas só consigo ouvir a voz da Emily Haines. Viciante o CD novo do Metric na minha opinião.

No mais recente capítulo bizarro da minha vida, cedi a pressões sociais dos amigos do trabalho e entrei na equipe de corrida da empresa. Não riam, é verdade. Bem, entramos todos nós na equipe de corrida, na verdade. O problema é que com isso devo cumprir o regulamento da equipe. Ou seja, me comprometi a participar de no mínimo 6 competições por ano e também a ir a 2 treinos semanais. Eu, a sedentária. Já tem gente apostando que eu vou pular fora no primeiro mês.

O primeiro passo é a avaliação. Temos de nos submeter a um check-up com um médico especializado na área desportiva. Tudo liberado, recebemos os uniformes e vamos aos treinos. E 6 vezes por ano temos que participar de competições de corrida. Se for necessário viajar pra competir a empresa patrocina.

Enfim, o RH e seus programas de qualidade de vida. Meus amigos e minha incapacidade de dizer não. Lá vou eu cuspir meu coração depois de 20 minutinhos de uma corridinha vagabunda. Enfim, o jurídico agora vai ter sua própria equipe de corrida. Bem, pelo menos um dos jurídicos.

Enfim, mais um capítulo da minha sitcom particular. Com o tempo vou postando a saga da equipe de corrida.
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07 abril 2009

The ability to laugh at weakness

Essa frase aí de Fitter Happier do Radiohead me pareceu bastante apropriada pra abrir esse post. Principalmente porque é o que eu estou fazendo agora, rindo da minha própria fraqueza.

Imagina a cena: são 7 horas da mnhã de uma pacata terça-feira e você está saindo de casa com uma pontualidade absurda, imaginando o trânsito limpo e uma chegada rápida no trabalho. To eu pensando na reunião de avaliação que tive ontem com o chefe e onde ele falou com todas as letras que estava muito satisfeito com o meu trabalho e que o assunto X, desde que eu o assumi, não é mais motivo de preocupação pra ele. Enfim, tava me sentindo bem. E lá vou descendo as escadas até que, bem, o salto do meu sapato esquerdo decidiu socializar com a perna direita da minha calça. Dobro os joelhos e deslizo com as pernas dobradas o último terço do lance da escada e fecho a cena ridícula dando de cara na parede. A deslizada foi uma coisa meio Marty McFly deslizando no palco com a guitarra no Baile do Encanto Submarino.

Acho que pela eternidade de 15 segundos fiquei ali, em posição fetal tentando controlar a dor dos caralhos que eu tava sentindo, a sensação de que minhas pernas pegavam fogo e tentando entender se eu tinha quebrado ou torcido alguma coisa. Aí uma vizinha abre a porta e me encontra estatelada.

Nessa hora eu não sabia se a dor maior era nos joelhos ou no orgulho ferido. Vi que tava tudo bem, tudo inteiro e subi de volta. Dor dos caralhos. Meu celular arranhado, um leve arranhão nos meus óculos, um corte na sobrancelha que só fui descobrir quando subi de volta pra casa, arranhões em um braço e hematomas gigantes e inchaço nos dois joelhos.

Olha a futilidade da pessoa. Num primeiro momento o que realmente me incomodou foi pensar que minha armação fofa da Armani ficou levemente (quase imperceptível) arranhada e que o BlackBerry que eu desdenho ficou arranhado também. Se bem que isso do celular pode ser legal, agora tenho uma desculpa pra trocar o aparelho que não completou nem 1 ano ainda.

Enfim, to eu aqui refém de bolsas de gelo pelo corpo. E a situação toda é tão patética que eu não me agüento (I s2 trema). Comecei a gargalhar sozinha lembrando da cena ridícula. O mais engraçado é pensar que à noite acho que pelo menos mais uns 4 vizinhos vão saber o que aconteceu.

Será que isso já é uma manifestação do meu inferno astral? Não sei. Só sei que o jeito agora é voltar pra cama, pras bolsas de gelo e tratar de me recuperar pra amanhã. Porque há uma workaholic dentro de mim que já ficou sabendo que o seu ramal se esgoelou o dia inteiro e não se conteve e abriu o e-mail corporativo pra descobrir que tinha mais de 90 e-mails não lidos.

Bom, por hoje chega. Vamos todos rir da comédia pastelão!
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04 abril 2009

Sobre covardia

Eu ODEIO gente covarde. Não falo aquela covardia que é derivada do medo e algum instinto básico de autopreservação. To falando daquela covardia de gente que gosta de manter aquela fachada cool mas ao mesmo tempo tá ali apunhalando pelas costas, sem qualquer chance de defesa. Gente que não tem culhão, em bom português, pra bancar suas idéias. Gente que se esconde em uma historinha elaborada pra angariar a simpatia alheia e se mete a pontificar sobre a vida dos outros quase sempre de forma pejorativa.

Estou eu tocando a minha vida dentro dos meus parâmetros de normalidade, isto é, correndo de um lado pro outro e fazendo malabarismo, quando descubro que alguém do meu passado, alguém a quem devotei certa afeição anda falando mal de mim a quem me é caro. Que bonito.

Veja você como são as coisas, você tenta ser legal com os outros e, após incidentes desagradáveis, se limita a restringir contato e não tecer comentários desabonadores sobre aquela pessoa. Você acha que isso é a coisa certa a fazer. Você acredita na reciprocidade e que, assim como deixou outrem em paz, vai ter o mesmo tratamento. Porra nenhuma.

Então enquanto eu fico na minha e toco minha vida numa boa tá lá a criatura alardeando que eu sou fria e impessoal e traçando todo um perfil psicológico desabonador pra gente que eu gosto. Que boa filha da puta, não?

Fiquei muito puta da minha vida por uns dias, confesso. Me senti ferida e, passional como sou, fui envenenada pela extrema capacidade de odiar que sei que guardo dentro de mim e que reprimo por não me ser benéfico.

Durante a pequena eternidade de 2 dias me permiti absorver o ódio e deixá-lo crescer e dei espaço pra minha metade ruim que, por pior que seja admitir, é péssima. E fiquei feliz ao lembrar que sou paciente e a vida é irônica o suficiente pra puxar o tapete de quem se acha. Imaginei cenários em que aguardava pacientemente o momento do julgamento alheio chegar. E quando a então vítima se sentia injustiçada, pra mim era doce.

Ao término das 48h notei a grande besteira que isso era. E cheguei a rir da imagem que fizeram de mim. Alguém que não sabe picas da minha vida há tempos se achando especialista na análise da minha psiquê. E de repente comecei a achar a situação toda tão patética e tão risível.

Há uma verdade imutável nessa história toda e acho que em virtude dela deixei tudo isso de lado. Essa pessoa não me diz mais nada. Lógico que o ataque me inspirou ódio, mas depois que o sangue parou de borbulhar notei que nem ligo se a figura tá bem, mal, doente, saudável, viva ou morta. É uma daquelas pessoas que você conheceu em algum momento da sua vida e agora não faz a menor questão de reencontrar porque vivem em universos totalmente opostos. Sabe aquelas pessoas que não têm a menor relevância e nos causam constrangimento só de ter a mínima interação social porque não temos a menor vontade de conversar nem sabemos fingir que nos importamos com isso? Pois é.

Mas como eu não sou mulher de dar recadinho e falo diretamente o que penso, digo só uma coisinha já que aparentemente você ainda passa por aqui: Longe ou perto, dispenso sua torcida ok? Obrigada. Esse tipo de (falsa) torcida é algo que realmente não preciso na minha vida.

Num clima mais leve, inevitável não lembrar do brinde da Elaine Benes em um episódio de Seinfeld: Here's to all that wish us well and those who don't can go to hell. É por aí.
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