25 setembro 2008

I like to wait to see how things turn out if you apply some pressure

Pressão 24x7 pira as pessoas. Comigo não é diferente. E eu explodo com os outros e perco a paciência. Eu preciso de férias. De novos ares por um tempo. Acho que o stress contribuiu muito pro surto do ilícito penal (lá vou eu inventar mais uma expressão).

A verdade é que as coisas começam a ser aceitas e eu já comecei a digerir tudo que aconteceu. Não que isso vá se resolver assim, da noite pro dia. Provavelmente essa história vai rolar por mais uns 3 meses. Até lá eu vou continuar tensa de tempos em tempos. O que importa é o que eu vou fazer com a tensão.

Liguei pro criminalista. "oi Dr. Fulano, tudo bem? Eu queria conversar sobre um assunto. É particular então resolvi ligar pra saber se você aceita o caso e pra saber os valores envolvidos na causa". Eu sou tão absurdamente direta e objetiva com assuntos assim que até me assusto. Às vezes parece que eu vivo à base de "não é pessoal, são negócios".

Enfim, o celular do cara já tá na memória do meu. Quase telefone de médico da família. Agora me resta torcer pelo arquivamento da investigação. Vamos ver no que dá. Mas já estou bem melhor.

Fiquei pensando aqui numa coisa que foi dita nos comentários do último post. Definiram esse blog assim: "anti-social-tou-cagando-pros-leitores". Entendo a colocação e, guardadas as devidas proporções, até concordo. A questão é que é complicado levar um blog anônimo, ter que tomar cuidado pra não deixar escapar uma informação que me identifique ou identifique onde trabalho e etc. Admito que acabo contando as coisas pela metade, mas não tem jeito.

O mais bizarro é que apesar de todo hermetismo da escrita e a supressão de detalhes, aqui eu me exponho bem mais do que jamais me exporia pra muita gente com quem convivo diariamente.

E eu me importo sim com quem lê. Blog é uma forma de diálogo. Sempre encarei assim. Esse blog aqui começou anônimo justamente pra evitar a armadilha do meu blog anterior. A obrigação de escrever o que esperavam que eu escrevesse pra agradar quem lia. Essa é uma pressão desnecessária na minha vida. Mas diálogo é sempre legal.

O anonimato às vezes enche o saco, óbvio. Tem coisas bem legais que eu nem posso contar aqui, pelo menos em detalhes, que logo vão identificar. Por exemplo, uma das minhas atribuições tem a ver com televisão. As pessoas assistem parte do meu trabalho. Eu assisto e fico satisfeita comigo. Orgulhinho mesmo. Mas isso é outra história.

Agradeço a preocupação de vocês com o surto do ilícito penal. Aliás, essa confusão toda serviu pra que eu descobrisse coisas interessantes sobre as pessoas que me cercam. Mas chega que pra um blog anônimo isso aqui tá muito diário de uma emo. E eu não suporto emices.
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20 setembro 2008

Why does it always rain on me?

É um dia como outro qualquer. Você acorda, se arruma, cumprimenta os vizinhos e sai pro trabalho. É mais uma sexta-feira e você está pensando no sábado. O que fazer, onde ir, quem encontrar. E eu sabia a resposta pra todas essas perguntas antes mesmo de acordar. Eu ia cobrar que tocassem Interpol junto com alguns amigos. Pelo menos era o que eu planejava fazer.

Agora fico me perguntando como as coisas mudaram tanto. Uma hora eu planejava o sábado e na outra eu estou numa delegacia respondendo por lesões corporais. Eu, que sempre fui a certinha, que durante a vida inteira fui a babaca que segue as regras. By the book kinda life. Ali, sentada numa delegacia, autora de lesões corporais. Eu, infinitamente orgulhosa da minha correção, ré em um processo criminal. Correndo o risco de ter pro resto da vida meu bom nome manchado.

Preciso confessar que ficar sentada numa delegacia sozinha foi um dos pontos baixos da minha vida. Não queria ninguém ali comigo porque delegacia não é ambiente pra ninguém. Olha só a ironia, a primeira vez na vida que vou a uma é pra ser enquadrada num ilícito penal. Eu, a certinha. Nessa hora depois de muitos anos senti falta do meu pai. Aquela coisa da imagem paterna de proteção. Mas esse pensamento durou só alguns segundos. O que me doeu mesmo foi ver minha mãe entrando naquele ambiente de merda preocupada em fazer com que eu me sentisse bem.

E aí, o que a gente faz numa situação dessa? Já me disseram pra manter a calma. Já me falaram que vai dar tudo certo, que não vai dar em nada. Já disseram que eu precisava me concentrar e que na hora de dar meu depoimento eu devia me portar como advogada acima de qualquer outra coisa. Eu tentei. Juro que tentei. Falei a verdade, fiz questão de registrar algumas coisas, mas sei lá. Tem certas coisas que quebram o espírito.

Talvez eu esteja fazendo tempestade num copo d'água. Aliás, isso é bem característico do meu lado Florbela. Mas porra, é o meu nome, minha imagem, meu orgulho sendo mortalmente ferido. E eu sou extremamente orgulhosa.

Lá vou eu segunda feira procurar um criminalista. Tentar encontrar alguma paz de espírito. Preciso estruturar as coisas. Afinal, tenho uma audiência pela frente e preciso me defender. Eu, a certinha.

Cara, tá foda...tanto filho da puta no mundo e quem corre o risco de se foder sou eu, a babaca certinha.
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18 setembro 2008

Business as usual

Nossa história começa no final de uma manhã fria na muy leal e heróica São Sebastião do Rio de Janeiro. Estava eu quietinha na minha estação de trabalho fazendo malabarismo com os meus 40 e-mails pendentes, 2 perícias e um relatório, quando toca o meu telefone. Ato contínuo, me mandam mais um e-mail com um contratinho pra ser revisado. Pro mesmo dia. Enfim, o de sempre. Analiso o contrato e devolvo com as minhas revisões achando que a história acaba ali. Volto pra casa inocente achando que no dia seguinte só vou ter que brincar de malabarismo com os e-mails, as perícias e o relatório.

No dia seguinte, final da manhã toca meu telefone. Querem que eu analise outro documento. Ok, sem problema. Dessa vez a coisa complica porque não tem jeito dele ser validado pelo jurídico. Aí eu recebo ligações tensas de pessoas falando "nós vamos perder um negócio de R$XX milhões!!!".

No fim do dia nada fica resolvido, mas o chefe e eu concordamos. E eu respiro aliviada por não ter concordado com uma cagada capaz de gerar demissões múltiplas.

O resultado de tudo? Eu to com uma puta dor de cabeça. E nem é no sentido figurado. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos, mas uma coisa eu garanto. No dia de hoje algumas pessoas devem ter sentido vontade de comer meu fígado com um bom chianti. Hannibal Lechter style.
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13 setembro 2008

Sobre shows

Esse ano prometia muito no começo. Muito mesmo. Interpol em março, Editors e Kooks em maio. Bem, não rolou nem Editors nem Kooks. Esses dois estariam no Indie Rock Festival. Uma pena que o festival não saiu. A organização falou que só foi adiado mas a gente já tá no meio de setembro né? Oi, o ano acabou, tudo bem com você produtora do evento? Enfim.

Interpol, foda. Muse, foda. Agora o negócio é ir pra SP pro Festival Planeta Terra. Bloc Party, Foals, Jesus and Mary Chain (tá esse aí eu cito só pra ficar bonitinho, nem ligo assim), Kaiser Chiefs, Spoon, etc. Começo a pensar nas cifras. R$80 pra ver essa gente toda (inteira!) é um preço bem razoável. Barato mesmo. Eu pagaria esse valor pra ver só o Bloc Party, por exemplo. O que fode tudo é ir pra SP. Porque os shows são num sábado e eu sei que vou querer ir na sexta e voltar só no domingo. Bem que a Tam ou a Gol podiam inventar uma promoção doida. Pelo que eu vi até agora, de ida e volta eu gastaria R$318.

Nessas horas, no melhor espírito da sovinagem eu penso que se eu for de ônibus eu pago bem menos. Mas porra, eu trabalho que nem uma corna, alguma espécie de conforto e compensação eu mereço.

Foda é pensar que tem ainda os R$140 pra ver The National, R$140 pra ver Gossip e Klaxons e mais R$80 pra ver Junior Boys e Gogol Bordello. Aliás, acho que vou acabar vendo só The National. Afinal, Boxer foi um dos álbuns favoritos do ano passado. Eu não posso ficar sem ouvir Mistaken For Strangers ao vivo. Eu quero ouvir Blank Slate, Tall Saint, Fake Empire, Slow Show, etc. Por outro lado também seria legal conferir a performance ao vivo da Beth Ditto. Bloody hell...

Why oh why essas produtoras de shows fazem isso comigo?!? Que saudade da meia-entrada...
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08 setembro 2008

Aeroportos e cidades

Eu já falei isso antes mas vou repetir, não entendo como podem ver com glamour essa rotina de corno de ficar pegando vôos pra lá e pra cá, taxis em aeroporto, correr de uma reunião a outra e pagar uma grana em roaming. Isso cansa horrores!

Eu não gosto de ir pro trabalho de mala sabendo que no final da tarde vou ter que pegar um avião e chegar no início da noite num aeroporto que fica completamente isolado da área urbana da capital onde ele aterrisa. E lá se vai mais uma hora, uma hora e meia até chegar à civilização, fazer check-in e achar que hotéis são uma merda, mesmo quando são da rede Bristol.

É tudo tão impessoal. Entrar em taxis e circular pelos lugares, café da manhã de hotel, pegar mala em esteira de bagagem, check-in, check-out. Tudo tão businesslike, tão estéril, asséptico. Pessoas que se cumprimentam em elevador e fazem piadinhas sobre o panfleto que fala do serviço de quarto. Humpf.

Vou, resolvo tudo que tenho que resolver e volto. Dois dias depois, fim de tarde toca meu celular:

- Alô
- Oi, C., tudo bem?
- Tudo, F., e vc?
- Tudo bem, você tá ocupada?
- Um pouco, mas diga.
- Me liga assim que você puder, apareceu um processo novo no (insira aqui o órgão responsável), dessa vez é contra a Empresa Y.
- Ok, já te ligo.

E lá fui eu pedir que reservassem vôo pra mim. Mal cheguei e já tenho que viajar de novo. Olha, juntar milhagem desse jeito eu não gosto.

A única parte legal nisso tudo é que é mais uma viagem praquelas audiências em SP em que eu me sinto mais advogada que mera gestora de processos. Ou seja, eu vou lá naquele clima "I'm here to chew bubble gum and kick some ass and I'm all out of bubble gum". Já pesquisei umas coisas e já to com a linha de defesa toda montada na minha cabeça. Essas coisas me empolgam horrores.

Ai, ai...lá vou eu ter um surto de Kevin Lomax. Adoro.
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