04 abril 2009

Sobre covardia

Eu ODEIO gente covarde. Não falo aquela covardia que é derivada do medo e algum instinto básico de autopreservação. To falando daquela covardia de gente que gosta de manter aquela fachada cool mas ao mesmo tempo tá ali apunhalando pelas costas, sem qualquer chance de defesa. Gente que não tem culhão, em bom português, pra bancar suas idéias. Gente que se esconde em uma historinha elaborada pra angariar a simpatia alheia e se mete a pontificar sobre a vida dos outros quase sempre de forma pejorativa.

Estou eu tocando a minha vida dentro dos meus parâmetros de normalidade, isto é, correndo de um lado pro outro e fazendo malabarismo, quando descubro que alguém do meu passado, alguém a quem devotei certa afeição anda falando mal de mim a quem me é caro. Que bonito.

Veja você como são as coisas, você tenta ser legal com os outros e, após incidentes desagradáveis, se limita a restringir contato e não tecer comentários desabonadores sobre aquela pessoa. Você acha que isso é a coisa certa a fazer. Você acredita na reciprocidade e que, assim como deixou outrem em paz, vai ter o mesmo tratamento. Porra nenhuma.

Então enquanto eu fico na minha e toco minha vida numa boa tá lá a criatura alardeando que eu sou fria e impessoal e traçando todo um perfil psicológico desabonador pra gente que eu gosto. Que boa filha da puta, não?

Fiquei muito puta da minha vida por uns dias, confesso. Me senti ferida e, passional como sou, fui envenenada pela extrema capacidade de odiar que sei que guardo dentro de mim e que reprimo por não me ser benéfico.

Durante a pequena eternidade de 2 dias me permiti absorver o ódio e deixá-lo crescer e dei espaço pra minha metade ruim que, por pior que seja admitir, é péssima. E fiquei feliz ao lembrar que sou paciente e a vida é irônica o suficiente pra puxar o tapete de quem se acha. Imaginei cenários em que aguardava pacientemente o momento do julgamento alheio chegar. E quando a então vítima se sentia injustiçada, pra mim era doce.

Ao término das 48h notei a grande besteira que isso era. E cheguei a rir da imagem que fizeram de mim. Alguém que não sabe picas da minha vida há tempos se achando especialista na análise da minha psiquê. E de repente comecei a achar a situação toda tão patética e tão risível.

Há uma verdade imutável nessa história toda e acho que em virtude dela deixei tudo isso de lado. Essa pessoa não me diz mais nada. Lógico que o ataque me inspirou ódio, mas depois que o sangue parou de borbulhar notei que nem ligo se a figura tá bem, mal, doente, saudável, viva ou morta. É uma daquelas pessoas que você conheceu em algum momento da sua vida e agora não faz a menor questão de reencontrar porque vivem em universos totalmente opostos. Sabe aquelas pessoas que não têm a menor relevância e nos causam constrangimento só de ter a mínima interação social porque não temos a menor vontade de conversar nem sabemos fingir que nos importamos com isso? Pois é.

Mas como eu não sou mulher de dar recadinho e falo diretamente o que penso, digo só uma coisinha já que aparentemente você ainda passa por aqui: Longe ou perto, dispenso sua torcida ok? Obrigada. Esse tipo de (falsa) torcida é algo que realmente não preciso na minha vida.

Num clima mais leve, inevitável não lembrar do brinde da Elaine Benes em um episódio de Seinfeld: Here's to all that wish us well and those who don't can go to hell. É por aí.
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