30 agosto 2009

Amizade é um esporte de contato


Eu tinha escrito um post enorme com a minha análise do subtexto da sexta-feira. E embora eu tenha tirado algumas conclusões (daí o título do post), resolvi que seria muito ranzinza da minha parte transformar uma noite tão divertida em objeto de análise. Decidi que o outro post vai ficar nos rascunhos (porque eu não jogo fora o que escrevo) e vou me limitar a contar aqui as coisas divertidas.

Confesso que durante um tempo não chamei essa amiga pra sair pra beber porque sempre dava alguma confusão com outras pessoas que as impediam de sair também e eu sempre achei que eu sozinha seria um convite à monotonia após um certo tempo. E embora eu goste das minhas cervejas amargas, não gosto que as minhas noites carreguem o mesmo gosto no final.

Isso foi uma grande besteira e perda de tempo. Fomos pra um Pub na Lapa que servia a minha querida Stella a honestos R$5. Ambiente bastante simpático e agradável. Na mesma medida que a conversa fluía, Stellas e mais Stellas eram trazidas e levadas da nossa mesa. As horas voaram e não percebi. De repente era hora da atração musical da noite. Uma cantora de pop rock (assim o site a descrevia) num esquemão voz e violão. O repertório foi extremamente divertido e altos sapatão hahahaha.

Em dado momento fui pegar meu celular pra mostrar que meu plano de usar a câmera de vídeo discretamente numa reunião jamais funcionaria porque acende uma luz vermelha, e é feito um vídeo que capta parte da apresentação da tal cantora incluindo gritos de "toca Alanis!!! You Learn!!!". E, claro, mostra essa infame que voz escreve desconfortável em ser filmada enquanto mata mais uma Stellinha.

Tem uma coisa que eu ainda não aprendi, que é a manter meu celular seguro na bolsa enquanto bebo. Eu ligo e mando mensagens de texto impróprias ou completamente nonsense. Em dado momento fico com saudade do meu amiguinho de copo do trabalho e mando SMS pra ele. Depois tento fazer uma video chamada. Pra quê, vocês hão de perguntar. Pra ver a cara dele, ora.

Eu sei que tudo estava tão agradável que em nenhum momento eu olhei no relógio. E eu tenho mania de olhar constantemente que horas são. Então se eu liguei tarde demais pro meu amigo (que tá em casa de licença médica, olha a falta de noção) vou ter que me desculpar depois. Mas ele me entende. Pior foi quando um assunto surgiu e eu liguei pra ele por achar que ele sabia.

- Eu te contei X?
- Não! É mesmo? (risos)
- Sério, eu não te contei no dia y?
- Ah, se você contou eu não vou lembrar, eu tava bêbado naquele dia, esqueceu?
- Hum, verdade...ok, depois a gente se fala. Beijo, tchau.

Mais um tempo passa e vem uma terceira pessoa pra compor a mesa. E uma pessoa normal poderia resolver se portar de maneira mais formal na presença de alguém desconhecido. Não eu. Mas eu consegui não ficar fazendo piada o tempo todo por ele chamar minha amiga pelo nome e não pelo apelido.

Passa mais um tempo e vem uma mulher do pub dizer, in a friendly way, se poderíamos encerrar a conta pois o bar fecharia. Eu falei que tudo bem porque eu ia dizer o que? "Não! E me traz mais um half pint!". As pessoas fazem umas perguntas tão sem sentido de vez em quando...enfim. Antes de levantarmos ainda deu tempo de ver um gringo completamente bêbado abraçando uma menina e quase caindo. Aliás, quase caindo em cima de mim. Mas como não derrubou minha bebida e nem causou danos e eu tava benevolente, nem fiz nada. Só ri da cara dele.

Pago minha conta e vamos pra outro bar. Escolho um aleatório usando como único critério a proximidade. Quando estamos quase sentando numa mesa do lado de fora eu vou perguntar se tem mesa dentro, o que faz meus acompanhantes rirem nem sei de que.

O problema desse bar é que a única vez que bebi nele tava com a Professora de Teatro, o amigo em licença médica e mais 2 pessoas. E de repente eu não gostei de estar ali com quem estava. Algo como um choque dos meus mundos. Como peças de quebra-cabeças diferentes. Fiquei mais decepcionada ainda quando fui no banheiro e entreouvi uma conversa imbecil de duas acéfalas. Ai, me senti tão fora do lugar. Vontade de voltar pro Pub.

Mas esse segundo bar não durou muito. Dele eu lembro do meu comportamento padrão de quando observam que eu não to bebendo. Quando eu faço uma pausa e alguém pergunta se eu não vou beber ou me fala pra beber, eu acabo virando o copo de uma vez. E aí minha amiga falou que também não era pra beber tudo de uma vez e deu vontade de rir. E quase que me sai cerveja pelo nariz. Depois de rir fico reclamando como criança que não é pra me fazer rir enquanto bebo que isso acontece e que meu nariz tava ardendo.

Acho que isso contribuiu pra decisão da minha amiga de pedir a conta pensando que eu tava bem pior do que realmente estava. O engraçado é que às vezes eu estou boba, mas bem mais consciente do que se imagina. Em outros momentos acham que estou bem e estou completamente mal.

Me despeço do meu jeito sem noção de sempre e que já expliquei uma vez pra outra pessoa. Quando eu digo que vou embora, quando assim o decido, é como se na minha cabeça fosse acionado um módulo de volta pra casa. E eu fico prática e só penso em me enfiar num taxi e voltar pra casa. As minhas despedidas são as mais awkward ever hahaha.

Cheguei em casa 5 da manhã com os punhos da minha camisa branca sujos (uma das mesas estava empoeirada, só pode!) e o sachet de cigarro habitual. Ao acordar no dia seguinte comecei a rir ao me dar conta de que tinha bebido 100 dinheiros.

Definitivamente preciso repetir a última sexta mais vezes.

|