16 outubro 2007

No pain, no gain

Resolvi voltar a malhar. Você sabe, é preocupante quando você percebe que apesar de continuar a mesma fisicamente seu fôlego foi pro espaço. Depois de 3 anos adentro novamente o estranho mundo da "acadimia". Avaliação física. Marco para as 9 da manhã e no horário marcado estou eu na academia com trajes apropriados para a prática de atividades físicas. Nada demais, legging, camisa dri-fit e tênis. Ei, eu sou discreta.

Enfim, sou avaliada e tenho minhas séries montadas. Olho em volta, só velhinhos. É isso mesmo, de manhã a fauna local é composta de aposentados e desocupados em geral. Mas esse negócio de ir na academia de manhã não ia durar muito tempo. Durou 2 dias. Agora só à tarde, por volta das 15h. A fauna local desse horário? Desocupados e adolescentes.

E a música da academia? Só iPod salva! Um dia tocou Hard-Fi e eu achei que era um sinal do apocalipse, mas isso nunca mais se repetiu. Já Rihanna toca direto. Estou eu na minha, fazendo minha série e reiteradamente sou tomada de assalto por um "you can stay under my umbrella ella-ella-ella ê-ê-ê". Mas tudo bem, eu gosto de Umbrella (podem apedrejar).

Uma coisa que eu ainda preciso entender é a falta de noção alheia. Estou eu caminhando de volta pra casa e passa um motoqueiro que diz oi. Você olhou pra ele? Pois é, nem eu. Tipo, o que diabos passa pela cabeça de uma criatura dessa? Eu hein. Continuo caminhando de volta pra casa, pensando amenidades, distraída. Levo um susto absurdo quando percebo 2 pombos levantando breve vôo para evitar que eu os pisasse. Resmungo qualquer coisa. Nessa hora Murphy resolve me sacanear de novo e um desconhecido me diz "boa tarde". finjo que não ouvi. A criatura insistente repete "boa tarde". Resmungo um boa tarde só pra ver se ele me deixa em paz. Como ele não me ouviu ele resolve dizer "você é mal educada".

Na boa, isso me emputece. Então um desconhecido me dá boa tarde e eu tenho que responder? E o que vem na minha cabeça nesse instante é "e desde quando eu socializo com a patuléia?". O viadinho me chama de mal educada e aí eu fico puta da vida e digo que respondi. Ele insiste que não e eu faço um gesto que eu traduziria como "meu amigo, você tirou de onde que eu me importo com cumprimentos casuais de estranhos? Eu quero mais é que você e o seu boa tarde se fodam". E continuei meu caminho de volta pra casa.

Gentileza gera gentileza. Ok. Mas eu me reservo o direito de não fazer social com desconhecidos. Principalmente depois de quase 2h de academia e todas as dores musculares inerentes à atividade.
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10 outubro 2007

O mundo de Nárnia fica no meu quarto – parte 2

Acho uns papéis e começo a folhear. De repente vejo dobrada uma folha que arranquei de uma revista. Abro e nem acredito. Arranquei a folha porque era a única coisa que eu queria guardar daquela revista dos anos 90 que já tinha ido pro lixo muitos anos atrás. E o que tinha ali pra que eu tivesse vontade de guardar? Bem, tinha a publicação de um e-mail meu. Tão revoltadinha. O e-mai era um desejo de morte a uma fã do Hanson. Eu explico. A tal revista tinha publicado no mês anterior a foto de uma carta que tinham recebido de uma fã do Hanson. Nessa foto dava pra ver que tava escrito “I love Hanson” e a retardada que mandou a carta alegava ter escrito aquilo com o próprio sangue. Eu vi aquilo e fiquei revoltada, aí mandei um e-mail que foi publicado. Como eu sou prolixa e o espaço era curto, editaram o que eu escrevi e o final ficou fora de contexto e não foi fiel ao que eu disse, but anyway.

Engraçado que anos depois, quando já estava na faculdade, estava conversando no intervalo com umas amigas e comentei o episódio. Uma delas fez então uma cara de espanto e falou “eu lembro disso! Era você?”, disse que sim e ela emendou “Eu li isso e pensei: essa menina deve ser legal”. Eu, na minha absoluta infâmia, ri e falei “viu como você se enganou?”. Sempre lembro desse episódio na faculdade quando o assunto do e-mail raivoso vem à tona. Poxa, a menina era de outra cidade e de repente vamos parar na mesma turma na faculdade. Surreal.

Resolvo mexer organizar minhas gavetas. Em uma delas vejo algo amarelo meio escondido num canto, resolvo ver o que é. Era o véu da Feiticeira. Calma, eu explico. Quando entrei na faculdade e levei trote, eu e os outros calouros fomos divididos em grupos. Tinha o grupo das Minnies (com orelhinhas da Minnie), o grupo dos diabinhos (com chifrinhos), o grupo das anteninhas e tinha o grupo das Feiticeiras. Esse grupo usava um véu amarelo com uns paetês, uma coisa bem vagabunda mesmo, mas fazia parte do trote e encarei na boa. Eu tava feliz demais por ter passado no vestibular pra me importar com uma besteira dessa. Foda era o risco de ter que imitar a Feiticeira.

Enfim, eu fui uma Feiticeira anos atrás e o véu ainda guarda uma mancha de batom vermelho vagabundo na parte de dentro (porque veteranos adoram pintar calouros com batom vagabundo). E lá fui eu pro pedágio com o véu. Ouvi muita besteira, ri horrores e cumpri o ritual do trote e ajudei a bancar a choppada, dever de todo calouro. Mas isso é outra história.

Agora você pode estar pensando “ta, mas você se desfez do véu?”. Como diria meu patrono: “a resposta é negativa. Não”. Talvez por baixo dessa fachada de fria e racional como um antigo soldado soviético haja uma sentimentalóide que se apega a essas coisas. Ei, é uma memória boa, eu tinha sobrevivido a um processo seletivo concorridíssimo e uma nova fase da minha vida tava começando. Em alguns aspectos eu sinto falta da minha versão caloura. Existia aquela aura de invencibilidade, de que eu era capaz de qualquer coisa desde que envidasse os esforços necessários. Era uma confiança um tanto ingênua. Talvez eu sinta falta de certa ingenuidade. Mas isso é um caminho que não queremos trilhar agora.

Ah, achei também a águia de um comando em ação que eu tinha. O boneco já foi embora tem tempo junto com as minhas bonecas (eu fazia casais bizarros com as moranguinhos e os comandos), mas a águia ficou. Mas a maior sacanagem foi descobrir pertences alheios no meu armário. Tipo uma pasta com papéis da minha mãe e uma pilha de papéis que eram matéria da faculdade da minha irmã. Macroeconomia no meu armário? I don’t think so...Bem, agora tá tudo arrumadinho. Quer dizer, mais ou menos. É que tem um armário de livros no meu quarto que eu tenho certeza que tem coisa que pode ir embora. Afinal, eu sei que dentro dele tem uma pilha de livros de história infantil, agendas de 93 a 97 e outras merdas. Enfim, out with the old, in with the new. É preciso se livrar do velho para se preparar para novas coisas. Alguns diriam que isso é uma atitude positiva que atrai alguma espécie de renovação e blá blá blá. Outros diriam que é algo terapêutico. Eu não sei se é uma coisa ou outra, só sei que eu continuo acumulando coisas então tenho que me livrar de outras. É uma questão de espaço. Aliás, fiquei assustada com a quantidade de livros que eu tenho (e como eles ocupam espaço!).

Mas nada disso teria acontecido não fosse minha recente falta do que fazer. Esse negócio de ter tempo livre demais atrapalha as pessoas. Pra fechar o caos dos últimos dias, um CD estilhaçou dentro do drive. Ou seja, to sem CD. E lá vou eu ter que comprar outro drive...
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08 outubro 2007

O mundo de Nárnia fica no meu quarto – parte 1

O primeiro filme dessa série se chama O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. Este último é uma porta de entrada para o mundo de Nárnia. Pois bem, resolvi arrumar meu armário. Existe um mundo ali dentro que eu havia esquecido. Arrumar o armário é quase uma expedição arqueológica e a primeira conclusão que tiro disso tudo é que eu guardo inutilidades demais. Enquanto eu revirava a parte de cima do armário (aquela que a gente fica evitando mexer até que a situação fique insustentável) fui descobrindo coisas que eu nem lembrava que existiam.

Pra começo de conversa, a drama queen tecnológica aqui teve que descer os videogames. Porque as caixas são grandes e toda arrumação começa com a remoção daquelas coisas que ocupam mais espaço. Aliás, acabei descobrindo que eu me enganei não tenho mais meu atari. Eu nem lembrava de ter me desfeito dele. Acho a maletinha com os cartuchos do Master. Estranho, não lembro de ter me desfeito de Olympic Gold, mas todos os outros jogos estão ali (e vão continuar ali com os videogames. Humpf...). Começa o desfile de coisas bizarras saindo do meu armário. Primeiro eu acho roupas que nem lembrava mais ter. Encontro dois cintos desaparecidos, uma calça jeans que eu nem lembrava ter comprado, um boné do Michael Moore que veio de brinde quando comprei "Cara, Cadê Meu País" (eu não uso boné, nem me pergunte como isso foi parar no meu armário. Bem, já foi embora.), transferidores, esquadros e compasso, meu Dungeons and Dragons (da época que eu achei que ia jogar RPG e não levei a idéia adiante), uma camisa do Olodum ainda na embalagem de uma vez que a minha mãe foi à Salvador pra um congresso (é irônico ela comprar uma camisa do Olodum pra alguém que abomina o tipo de música que eles tocam), caixas dos 3 últimos aparelhos celulares (os dois anteriores e a caixa vazia do atual), fitas VHS (que vão pro lixo sem que eu saiba o conteúdo porque se não fez falta até agora então que se dane. Ademais, eu nem tenho mais vídeo cassete) e a surrealice maior: creative paper! Pra quem não lembra, creative paper é aquele papel tamanho A4 de várias cores. Como vocês podem perceber, a parte de cima do meu armário era o caos, um universo paralelo que albergava toda sorte de relíquias do passado.

O mais divertido disso tudo é tentar entender como essas coisas ainda estavam aqui. Porque eu podia jurar que já tinha me desfeito disso tudo. O creative paper é bem coisa da minha mãe. Lembro que queria ter me livrado disso antes e ela falou algo como “ah, guarda que pode ser útil”. Útil? Pra quê? Pra quem???

Voltando às fitas VHS, óbvio que eu vou retalhar todas antes de jogar no lixo (aliás, tem alguma espécie de coleta seletiva pra isso?). Mas uma delas vai se salvar. Só uma. Essa será convertida em DVD porque é o vídeo da minha formatura do 2º grau. Não, eu não assisti essa fita no ano em que me formei e nem pretendo assistir num futuro próximo mas...é a fita da formatura né? Essas coisas a gente guarda. Confesso que nunca assisti essa fita e deixei meus pais esquecerem da existência dela com medo de que algo daquela noite estivesse documentado. Aí entra mais uma historinha do passado.

Pois bem, imagine isso: formatura, meninas de vestido longo, meninos de terno. Todas aquelas formalidades, cerimônias solenes. Aí acaba isso e emenda-se a festa. Até então pra maioria das pessoas eu era quietinha e calminha. A cara de menina boazinha sempre ajudou a incutir essa idéia na cabeça das pessoas. Os amigos mais próximos sabiam que eu não era inocentezinha assim. Quando descemos do palco e fomos para a pista, entornei 6 tulipas de cerveja, uma atrás da outra e como se fosse água. Porque fiz isso? Pra chocar os outros. Mais tarde, bem, formatura tem todas aquelas bebidas habituais, espumantes e etc. Eu, longe do ângulo de visão da mesa onde estava a minha família, comecei a beber e em dado momento fui parar no palco com algumas pessoas dançando uma música de gosto duvidoso. Miraculosamente minha família não viu, mas vai que isso ficou registrado no vídeo? Melhor deixar pra lá.

Continuo revirando as coisas e acho alguns papéis. Mas esse post está enorme, melhor contar isso na segunda parte.
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