02 março 2009

Words are flowing out like endless rain into a paper cup

Antes de começar, mais um aviso (tá virando rotina): esses títulos em inglês são sempre (ou quase sempre) partes de músicas. Porque às vezes nao entendem porque eu coloco títulos em inglês

Eu continuo irritada e acho que isso não vai passar antes do fim dessa semana. Vou explicar o motivo. Tem uma coisinha no mundo corporativo, um evento, que as boas regras de management indicam como prática proveitosa e apta a gerar bons resultados. É um encontro, chamemos assim, de planejamento. Você trancafia a galera num auditório por uns 2 ou 3 dias pra traçar metas e guidelines pro ano em curso. Lógico que o lugar onde eu trabalho também valoriza essa prática corporativa.

Daí que resolveram trancafiar a gente num hotel fazenda numa cidade no interior cuja localização eu desconheço. Porque acharam legal fazer suspense. Não bastasse isso, ficaremos em quartos triplos e o critério de seleção de quem divide quarto com quem é nefasto. Sorteio. E esse sorteio vai ser feito na hora, assim que chegarmos lá. E eu já to aqui puta da minha vida com essa história já tem umas 2 semanas. Puta assim de querer arrumar briga com Deus e o mundo. Tipo, to até a fim de processar minha operadora de celular. Eu, que não tenho perfil litigante.

To tentando ser legal. De verdade. I'm trying really really hard to be a good sport. To realmente me esforçando neste sentido. Tenho repetido mil vezes que o que não dá pra mudar a gente tem que aceitar. Que é trabalho. Que vai passar rápido. Que 3 dias voam.

Na boa? Eu ODEIO ambientes bucólicos. Eu sou urbana demais pra essas merdas. Contato com a natureza é o caralho. Poucas coisas me emputecem tanto numa manhã em fim de semana do que acordar cedo com passarinhos cantando.

Mas não há emputecimento que sempre dure então continuo fazendo minhas piadas infames por aí, citando uma fala do Yoda e rindo da minha própria cara. E então, do nada, como se fosse a coisa mais banal do mundo, descortino parte de mim. Uma parte bem feia. E conto o evento mais filho da puta de toda a minha vida. Não com todos os detalhes, claro. Mas detalhes o suficiente.

Conto de quando manipulei emocionalmente outrem. E escravizei. E me senti péssima depois. E conto que isso é a raiz de grande parte da péssima auto-imagem que tenho. Falo que esse evento me definiu. Assim, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Mas quem disse que parei por aí? Não...contei do meu Voldemort pessoal. Aquele que não devemos nomear. O único que jogou todas as minhas defesas ao chão. Assim, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tá bom, não falei quase nada, mas admitir a existência dele já é o suficiente no meu mundinho defensivo pra que eu ache que abri a história completamente.

O que me surpreendeu de verdade foi a forma como contei as coisas. Calma, serena, sem qualquer alteração. São só fatos. A impressão que tive é que finalmente consegui distanciamento histórico pra falar dessas coisas sem me deixar levar por rompantes emocionais. Não que eu pretenda entrar nos detalhes, que fique bem claro.

Bem, que venham as próximas confusões da minha sitcom particular.
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