24 janeiro 2009

Clichês, medos e outros lugares-comuns

Essa semana tive que viajar de novo a trabalho. Só que pra esse lugar não dá pra ir e voltar no mesmo dia, não é produtivo. Então lá vou eu praquela rotina de check-in com bagagem de mão, voucher da reserva do hotel, serviço de quarto e avenidas com nomes de estados da federação.

Sabem o dilúvio que caiu no Rio na última quarta? Pois é, me ferrei. No caminho pro aeroporto o taxi em que eu estava quase bateu. Visibilidade mínima, era como se alguém estivesse apontando uma mangueira de incêncio no vidro do carro, não se via nada além de água e algumas lanternas. Por causa do temporal meu vôo atrasou horrores. Daí que eu resolvi comer alguma coisa no aeroporto. Foi só fazer isso que chamaram meu vôo. Olha que bonito, turbulência. Cheguei no meu destino completamentente enjoada e assim permaneço até hoje. Vá entender.

Tá, pode ser stress, pode ser culpa de ter esquentado a cabeça com problemas de trabalho. Por ser obrigada a ser dura e ríspida frente à ironia e grosseria alheia. Não me arrependo da briga que comprei. Não é porque eu tenho cara de boazinha e calminha que eu vou ouvir tudo passivamente e não fazer nada. A gente precisa dar uns empurrões de vez em quando. Estabelecer limites. Senão quando menos percebemos montam nas nossas costas.

Na volta, já 8 horas da noite, aquele clichê: "tripulação, preparar para aterrisagem". Estava cochilando, ouvindo DLZ do TV On The Radio no repeat quando acordei com essa frase. E com uma luz forte no meu rosto. Olho pela janela, sol. Sabe quando algo não faz sentido? Pois é. Olho para o relógio, 8 horas da noite. Sobre as nuvens, o céu alaranjado com o sol se pondo. Volto a olhar o relógio como quem vê imagens conflitantes. É noite, onde está a escuridão? 8:05 da noite e o sol ainda brilha. Desisto, torno a fechar os olhos. Sinto a aeronave descer uns 10 minutos depois. O avião cortando as nuvens. O que vejo pela janela me lembra Books From Boxes do Maxïmo Park ("night falls and towns become circuit boards").

Acordei ontem depois de alguns pesadelos com uma sensação péssima. A vontade de sair de casa era nula. Mas o tempo de dizer "não to a fim de sair de casa hoje" passou. Eu tenho minhas responsabilidades, um emprego, etc. E lá vou eu, apavorada, porta afora. Com uma sensação ruim. E volto pra casa também assim. À noite vivo o período de 20 minutos mais longo da história, completamente apavorada. Só sossego depois de um telefonema. Não sei se isso tem a ver com o fato de todos terem viajado e eu estar sozinha. Porque entre mim e uma das pessoas que eu mais amo no mundo há um oceano e alguns fusos horários. E a outra pessoa mais importante da minha vida tá em uma cidade do interior de outro estado com um celular sem bateria. E a sensação ruim paira, embora atenuada.

Não adianta, só vou sossegar amanhã à noite.
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