10 fevereiro 2009

Isn't it ironic?

Durante toda a minha vida eu preferi um dos meus sobrenomes. Muito antes de qualquer confusão com o meu pai, eu já preferia o nome da família da minha mãe. Pois bem. Depois de tudo evito ao máximo que me chamem pelo nome da família do meu pai. Daí que meu chefe tem mania de me chamar justamente pelo sobrenome que eu não gosto. E pior, divulga! Já perdi a conta de quantos e-mails circularam com ele dizendo que o assunto X seria tratado pela Dra. C. whatever, que a Dra. C. whatever comparecerá à reunião pra discutir os assuntos mirabolantes que marketing inventa.

Ao mesmo tempo que me vejo lidando com formalidades, encaro também o escracho total. Tem gente que só sabe me chamar de Dra., mesmo depois de pedir pra não ser chamada assim. De outro lado, tem quem me chame pelo diminutivo. Esses últimos são divertidos. Foda foi perceber que durante um tempo tive certa fixação por um cara desse último grupo que nem é grandes coisas só por causa da cor dos olhos. Logo eu que acho (como o Seinfeld) que 95% da população não é pegável. Se isso não for uma puta ironia com o meu lado Seinfeld eu não sei o que é.

Alguns meses atrás fui procurada por um cara do passado. Conversa vai, conversa vem, ele decide adentrar um assunto deveras desconfortável. Me pergunta se existia alguma possibilidade de que tivéssemos algo no passado se ele tivesse se aproximado. Não é o primeiro que me aparece com esse tipo de questionamento. Na boa? Se não existe. Isso ser dito por mim é irônico, porque eu sou uma pessoa "e se...?".

Essa situação parece Alta Fidelidade, na verdade. O Rob procurando as mulheres do seu passado e tentando entender porque elas o rejeitaram. Acho que nunca vou entender essas declarações extemporâneas. Principalmente porque, pra usar uma expressão literária, o amor de vassalagem alheio me deixa desconfortável. Não sei lidar com esse tipo de coisa. E nem acho que eu inspire tamanha submissão.

A situação toda é desconfortável também porque não dá pra dizer que ok, talvez até tivesse ficado com alguns deles mas que seria algo casual porque eu nunca contemplei a possibilidade de levá-los a sério. E esse é o tipo de coisa que a gente não fala pros outros. Ou pelo menos não deve falar, segundo convenções sociais.

Ainda nesse tema tem outra coisa irônica. Tem um cara que de tempos em tempos surge na minha memória. Nem o acho grandes coisas. Ele é todo errado em vários critérios de admissibilidade no meu mundo. Vários. Mas ao mesmo tempo, de vez em quando, tem aquela sensação incômoda de gostar da companhia. E eu não sei se é gostar da companhia com segundas intenções ou não. Ainda me pego pensando o que poderia ter acontecido se tivesse dado chance, ainda que numa fração de segundos, e afasto isso da minha cabeça logo em seguida. Não é arrependimento, é dúvida. Mesmo porque, como eu disse antes, ele é todo errado em vários critérios e eu fujo de gente assim como o diabo da cruz. Vai que eu me apego? Aí fodeu.

Agora um certo leitor deste blog pode estar se questionando se estou falando dele ou não. Eu podia te deixar em dúvida só de sacanagem, pra me entreter. Mas nem vou. Como eu ando legal, esclareço desde já. Relaxa, não to falando de você.

Outra coisa irônica é a sensação que tenho de que as pessoas sequer imaginam que eu sou uma pessoa extremamente séria, embora bobalhona. Acho que focam mais no meu lado galhofa. Nada contra, gosto bastante do meu lado infame, mas às vezes acho que a grande parte das pessoas não é capaz de ler o subtexto.

Enfim, chega por hoje.
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