24 fevereiro 2009

Don't mind my (drunken) thoughts

Antes de mais nada, preciso dizer que andei bebendo. E quando eu bebo me entrego a essas introspecções babacas. Estão avisados.

Eu preciso confessar que eu tenho um talento absurdo pra mentir. Absurdo. Eu sou capaz de mentir olhando nos olhos, jurando que é verdade. O talento só não é perfeito porque há um componente qualquer de consciência que grita na minha cabeça que isso é errado. Aí eu acabo me segurando e não consigo mentir. A menos que eu tenha profunda indiferença pelo interlocutor, aí u posso ser a mitomania em forma de gente.

No fundo isso me emputece. Porque de que adianta saber mentir se a sua consciência não deixa? Porque eu tento tanto agradar os outros e ser aceita que isso me força a tentar ser uma pessoa melhor, uma pessoa legal. E pessoas legais não mentem.

De outro lado, acho que a vida em sociedade só é possível com algum grau de hipocrisia. Some little white lies along the way. Porque não dá pra falar a verdade sempre. Não dá pra dizer que a tiazinha de sei lá que departamento tem que tomar vergonha e parar de trabalhar de bermuda de linho, meia-calça e mocassim. Não dá pra passar os dias apontando as falhas alheias. Não dá pra dizer na cara dos outros que são uns filhos da puta. Não dá pra bater numa mesa e gritar "puta que pariu, vocês estão de sacanagem comigo né?". Não dá.

Eu ando meio enjoada com a minha vidinha pequeno burguês. Essa coisa de sair com amigos do círculo profissional, beber em bares mauricinhos, falar sobre referências de cultura pop sem que ninguém entenda. Falar em Interpol e acharem que eu to falando da polícia. Etc etc etc. Ao mesmo tempo, eu ADORO alguns deles.

Eu sinto falta de outro lado da minha vida. De outro grupo de pessoas. De outro tipo de entretenimento. Aliás, outro não. Outros, no plural. Outros lados, grupos e tipos. Porque um dos meus grandes defeitos é compartimentalizar tudo. Criar uma persona pra cada grupo. Em algum ponto me sinto sem identidade. Ultimamente acho que to nesse ponto exato. Sem identidade.

Quer saber? A verdade é que eu to puta da minha vida com uma série de coisas e pessoas. Inclusive gente que eu gosto. Vontade de mandar alguns tomar no cu. Vontade de falar na cara de outros que eu to de saco cheio dessa palhaçada de ser amiguinho na hora de pedir favor, quando eu tenho serventia. Vontade de mandar se foder quem acha que eu sou idiota a ponto de cair numa conversinha besta de friends with benefits.

Aí depois de trocentos anos resolvo ler Quando Nietzsche Chorou. E tem lá uma frase calhorda do bigodudo safado que um amigo gostava de repetir. Na boa? Vá se foder, amiguinho. Posando de intelectualóide na nossa adolescência. Vá se foder! Fiquei tão puta ao ler a frase e lembrar de anos atrás quando ele me disse. Adolescentezinho pseudo revoltadinho de merda metido a libertário e agora taí, chafurdando no sistema que lhe causava repulsa. Trabalho estatal de merda (leia-se: trabalho braçal pra curso superior genérico) e quase casado. Nietzsche...humpf...gente sem coerência da porra...

Quer saber, eu vou voltar pro copo que é mais produtivo.
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