26 agosto 2008

Empresa X is my bitch

Como vocês que lêem isso aqui sabem, periodicamente eu compareço pessoalmente a algumas audiências fora do Rio. São as audiências onde eu controlo pessoalmente a linha de argumentação e participo da sustentação oral (ui!). Pois bem, fui eu pra uma audiência dessa e encontrei a parte adversa com um verdadeiro exército. Tipo, umas 5 pessoas. Do meu lado só eu e um cara. Bring it on.

Começa a audiência e o porta-voz da galërë de lá começa a falar os mesmos argumentos esfarrapados de sempre e eu tentando manter a cara séria, mas com vontade de rir porque eu não tava acreditando como eles continuavam argumentando num sentido que só me dá munição. Enfim. Na nossa vez tudo sai como planejado. Quando tudo parecia acabado um cara do grupo adversário pede a palavra. Aí ele se apresenta: "Senhores, boa tarde, eu sou executivo da empresa X". Não prestou né? Um sorrisinho sacana brotou nos meus lábios enquanto eu pensava: "grandes merdas ser executivo" < /trote da telerj>.

Segurei a onda e depois do cara pedi a palavra e mandei mais um argumento contra eles. Nisso o executivo me faz uma pergunta, tentando cavar algum ponto favorável à tese deles. Eu, essa criatura escrota, olhei nos olhos da criatura, sorri e não respondi nada. Naquela postura "não lhe devo qualquer resposta, você não manda nada aqui". Olha, o cara ficou incrédulo. Diante do meu silêncio foi encerrada a audiência. O resultado? Ganhei de goleada. Só um voto contra mim e o resto a favor.

Na saída vou lá, cumprir o ritual civilizado, shaking hands with the enemy. Aperto a mão de um advogado, dois beijinhos em outra advogada, tudo com aquele sorriso simpático de quem encontra amigos. Estendo a mão pro executivo e ele aperta minha mão, incrédulo. Cara, o aperto de mão sacana com a parte perdedora é a parte mais legal. É como ver o Flamengo golear o Vasco. Como ver o Brasil golear a Argentina. É como ver a Miss USA cair de bunda no Miss Universo por dois anos seguidos. Enfim, não basta ganhar, tem que dar aquela sacaneada diplomática.

A impressão que eu tive é que o cara não tava acreditando no que tava acontecendo. Ele me olhou com uma cara quando apertou minha mão...aquela cara de quem não entende o que acabou de acontecer. Uma cara também de "eu não acredito que você me ignora e agora vem sorridente apertar minha mão!". Mentalmente eu pensava, "grandes merdas ser executivo, eu sou advogada júnior". HAHAHA

Vida que segue, continuo com 100% de aproveitamento nessas audiências e me sentindo muito foda e muito satisfeita comigo mesma. Kevin Lomax wannabe ("Lose? I don't lose! I win! I win! I'm a lawyer! That's my job, that's what I do! ", all that crap). Pois é, Al Pacino, a vaidade (profissional) também é meu pecado favorito.


Uma nota final: corram pra ouvir Intimacy, o novo álbum do Bloc Party. Entra fácil na minha lista de melhores de 2008. Em novembro eles estão aqui pra shows no Rio e SP.
|