29 julho 2008

As agruras da ponte aérea

Imaginem a cena: vôo saindo do Santos Dumont às 13h, coisa tranqüila, vazio. Enfim, perfeito. Faço meu check-in e escolho um assento no corredor, como sempre. Lá pelas tantas um miserável que nem era pra sentar no assento da janela me pede licença e senta ali. Ok, alright, ainda tem uma poltrona entre nós.

Eis que do nada o cara apaga. Daí começa a roncar. Mas não é um ronquinho besta, é um ronco daqueles de respeito, altos, com a respiração entrecortada e alguns suspiros. A vontade era esmurrar o cara, juro pra vocês. Mas parei, respirei, revirei os olhos etc. No final do vôo, pouco antes da chegada a Congonhas as pessoas se entreolhavam no avião assustadas com o ronco.

Intimamente eu torcia pro cinto do narcoléptico dar defeito e naquele tranco da freada o infeliz ser jogado pra frente e dar de cara na poltrona. Eu acho que seria uma punição justa. Enfim.

Eu adoro vôo com comissáriOs de bordo. Porque tem o divertimento extra de observá-los pra ver se é viado ou não. Hoje pela primeira vez eu vi um comissário que eu não achei viado (achei gostosinho até). Um outro pareceu hétero numa primeira olhada mas aí ele fez um gesto altamente desmunhecante e fodeu.

Mas o que continua me intrigando (e acho que vai intrigar sempre) é o inglês bunda da tripulação. E eles ainda falam meio cantadinho pra ver se o discursinho sai rápido. Enfim, horrível, tenebroso, fere meus ouvidos e mexe com o meu lado intolerante. Se você quer se meter a falar outro idioma faça direito. Eu morro de vergonha.

Chegando no local do compromisso, estou eu no elevador quando entra um velhinho com um jeitão meio aéreo. Aquele ritual de perguntarem os andares e etc e lá pelas tantas percebo que o tal velhinho tá com o cinto aberto. Ele desce num andar que tem um centro geriátrico. Achei muito piada pronta e pra evitar aqueles olhares de "nossa, como você é horrível!", seguro meu lado Chandler e fico quieta.

Mas a parte mais divertida da viagem foi realmente o tal compromisso profissional. Conseguimos reverter um caso praticamente perdido e ainda fizemos isso com requintes de crueldade, que é do jeito que eu gosto. Não basta conseguir o resultado planejado, o oponente tem que levar bronca e os caralhos (e eu ando cada vez mais desbocada, perceberam?).

É um prazer sádico, admito, mas adoro quando o adversário fica tenso, perde a linha de raciocínio e começa a falar besteira. Daquelas besteiras que me municiam. Enfim, é legal quando o adversário se enrola tanto que acaba levantando pra eu cortar. Agora, como foi dito no taxi pro aeroporto, é trazer pra casa e matar a questão.

23:20 da noite desse dia cansativo e eu ainda to meio agitada. Adrenalina do evento de SP. To aqui super animada pra armar o contra-ataque. Eu tava quietinha na minha, mas agora...agora é hora de pular na jugular. Eu ADORO uma boa briga.
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