12 julho 2008

Be yourself is all that you can do

Blog é mesmo uma coisa interessante. As pessoas escrevem o que querem, publicam e outros lêem. Sempre gostei da idéia de jogar uma idéia no ar e ver quem pensa igual, quem discorda e por quê.

É interessante ver a imagem que projetamos, seja por acaso ou deliberadamente. Outro dia um amigo disse que eu era uma advogada bem sucedida, quase uma personagem de Sex and The City. Por um lado é legal, mas não me vejo assim. Ainda to longe de bem sucedida. Posso dizer que meu começo de carreira é bom, mas não dá pra dizer que sou bem sucedida. Preciso de tempo pra isso.

Tem gente que lê isso aqui e deve me achar uma chata reclamona. Não cabe a mim dizer se estão certos ou errados. Admito que tenho um senso crítico quase impiedoso. Mas costumo mascarar o lado crítico com uma boa dose de diplomacia. Chega a ser engraçado porque no imaginário coletivo advogados são aqueles que vivem querendo processar todo mundo. Eu sou a advogada menos litigante que eu conheço. Eu sempre quero resolver as coisas com um acordo.

A pior crítica guardo pra mim. Exijo demais de mim. Quando bati com o carro me senti péssima. E olha que a culpa nem foi minha, um cara avançou o sinal, a culpa foi dele. Mas me senti arrasada, a pior das motoristas porque não evitei que o carro dele batesse no meu.

Eu vivo tentando aplicar algum senso de justiça pra tudo e tento ser uma boa pessoa. Não sei se consigo, mas tento. Entretanto, sei que há em mim um lado ruim, como há em todos, diga-se de passagem. Mas acho meu lado ruim realmente péssimo. Capaz de pequenas crueldades que matariam os outros de vergonha. Eu já fiz com que se apaixonassem por mim e logo depois falei quase um "cansei" só pra ver a reação. E isso é de uma maldade absurda. Mas eu tava ferida e queria ver o outro lado, como era estar do lado que fere ao invés do lado ferido. E foi ruim, não é um lado bom. E me senti muito culpada.

A culpa é algo que eu carrego sempre em algum nível. Uma vez fiquei dois dias sem comer porque me senti culpada pela fome alheia. E chorei como uma idiota. Chorei pela minha omissão, por não me sentir capaz de mudar as coisas.

Em paralelo, eu sacaneei aquela reportagem do cara que compete em provas de triatlo com o filho deficiente. Na boa, o cara é um idiota. Eu não consigo achar essa história bonita, desculpa. Aí o filho diz que quando está competindo sente como se sua deficiência não existisse. Porra, o cara é empurrado numa cadeira de rodas, vai de carona na bicicleta e na parte da natação é puxado num bote e diz que isso faz com que sinta que sua deficiência não existe? E vai o velho competir, se foder todo por isso. Eu contei isso rindo uma vez e imitando alguém com paralisia dizendo que era campeão. E eu vou queimar no inferno, claro, mas quem me conhece sabe que meu humor é negríssimo.

Meio mundo fica por aí fazendo média com os outros, forçando amizades com figuras-chave pra parecer mais legal. Forçando situações irreais pra ser descolado. Isso me irrita um pouco. Eu sou o que eu sou, não fico fazendo média. Não finjo ser super amiga de quem não sou. Pra falar a verdade eu cago e ando pra algumas figuras-chave do meu mundo.

Quando penso essas coisas eu lembro sempre de um filme da Sessão da Tarde: Namorada de Aluguel. Joga no Google. Lembro sempre do discurso do Ronald no final do filme, depois de cair em desgraça, falando que ser popular ou não na verdade não importa, que não existe isso de meu lado ou seu lado, etc etc etc. A cena é um clássico e é meio como eu me sinto. Fazer média pra quê? O que vale é ser verdadeiro consigo mesmo. To thyne own self be true. E o Ronald acabou virando o Dr. Derek McDreamy. Enfim.

Eu levo a sério isso de ser fiel a mim mesma e ao que sou. No fim das contas quem tá certo é o Chris Cornell, be yourself is all that you can do.
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