24 junho 2008

All you do is ramble

Antes de qualquer coisa eu devo dizer que eu vivo falando sozinha quando eu estou sozinha em casa ou quando estou no carro. Tem gente que gosta de chamar isso de "pensar alto", mas sejamos sinceros, isso é falar sozinho. E nem é tão absurdo assim. Pior é quando eu começo a falar sozinha em inglês. Eu nunca entendi por que faço isso. Geralmente eu culpo alguma música ou algum diálogo de filme/série que pode ter servido de gatilho pro monólogo.

Enfim, saio do trabalho e aquele vento frio, quase glacial, enquanto caminho pro estacionamento onde os caras já me conhecem e ao me verem entrar já saem correndo pra trazer o meu carro. Eu gosto disso. Agiliza as coisas. Quem é do Rio sabe que em certos trechos do Centro a lei que vigora no trânsito é a do mais filha da puta. E eu ali, pensando. E sendo filha da puta ao disputar espaço com ônibus e picapes bem mais altas que o meu carro. Nem ligo.

O que me causou estranheza hoje foi pensar no meu voldemort pessoal. Sim, aquele que não deve ser nomeado. Aquele que eu finjo que nem existiu. O mais bizarro de tudo é que há muito tempo não me importava com ele. Hoje me peguei pensando nele como se fosse a letra daquela música Michel da Anouk. Aquela parte "hey Michel how's life are you ok?". Assim, do nada.

Me vi imaginando como será que anda a vida dele depois de, hum, sei lá, 5 anos. Num contexto civilizado, sem segundas intenções, no hidden agenda. Mera curiosidade. O problema é que revisitar esse assunto me faz lembrar que eu sou meio o Jesse de Antes do Pôr-do-Sol. Aquele que diz que acha que abandonou qualquer noção de amor romântico em uma plataforma de trem em Viena quando a Celine não apareceu.

A sensação hoje é bem essa. É meio estranho perceber que há 5 anos eu não consigo achar ninguém minimamente interessante. Que eu não consigo me apaixonar por ninguém e que até ele hoje em dia parece desinteressante e inadequado aos meus olhos. Mas é meio foda pensar que depois dele eu meio que perdi a capacidade de realmente gostar de alguém. Claro que eu confundi coisas e achei gostar de quem nem gostava. Exagero básico que foi notado em 2 dias e virou piada.

De tempos em tempos a mulher-cafajeste encarna em mim e eu me vejo pegando uns caras sem realmente me importar com eles. Não é nada pessoal, é só distração. Tipo, culpa daquela frase cretina "não to fazendo nada mesmo...". Me importar é outra história. Gostar é outra história. Eu consigo dizer que eu amo minha família, que amo meus amigos, meu trabalho etc e tal, mas foi mal aê, eu não consigo amar ninguém com o intuito de construir um relacionamento. Eu não sei o que é isso tem uns 5 anos. Sentiu a linkada?

É meio estranho pensar que um cara que hoje em dia eu acho inadequado aos meus padrões foi a última pessoa com quem eu realmente me importei. A última pessoa que eu realmente quis ter por perto. E voltei pra casa pensando na criatura enquanto dirigia. E fazendo observações em voz alta sozinha.

O relato é meio estranho, eu sei. Entendo até que pode soar meio pesado. O mais bizarro é que nem é. Minha condição normal é essa insensibilidade seletiva. É uma coisa que me vem tão naturalmente que nem impacta mais a minha vida. E eu nem sei se esse é realmente o grande dano, essa insensibilidade seletiva.

Enfim, um dia que começa corrido, que no meio me apresentam com entusiasmo um comissário da TAM e termina com divagações ao som de Elbow pode parecer estranho mas pra mim já ficou normal.

Sabe o que é mais bizarro nisso tudo? Provavelmente amanhã nem vou achar esse post tão pertinente assim. Vou achar bem drama queen. E vou rir da minha cara. Eu vivo fazendo isso.
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