06 dezembro 2008

This is the sound of settling...

...será? Será mesmo que eu entrei no modo settle down? Algumas pessoas resolveram fazer aulas de teatro. Aquela coisa de aprender técnicar de teatro pra se apresentar em público, palestrar, improvisar. Tudo muito válido, mas eu não embarquei na primeira parte. Talvez entre na continuação.

Daí que em um dia de trabalho pós audiência sou apresentada para A Professora de Teatro. O começo é normal pois ainda estou na persona formal, pós-audiência. Aperto de mão enquanto digo o tradicional "oi, então você é a famosa Professora de Teatro". Depois acabo falando merda, óbvio. Uma das merdas que eu falo é que eu tenho problemas com o nome dela porque me lembra de uma fala de Silêncio dos Inocentes. E repito a fala. Me despeço no elevador e volto pra casa com aquela sensação familiar de ter feito papel de louca que deixa as pessoas desconfortáveis.

No dia seguinte vem um cara me falar "ela adorou você, te achou autêntica. Falou pra te chamar pra ir no teatro com a gente". Ok, então agora minha falta de noção atende pelo nome autenticidade. E lá vai a galera colocar meu nome na lista da bilheteria da tal peça. Eu, que tenho restrição a teatro. Sempre achei teatro uma coisa teatral demais. A amplitude de gestos e o exagero sempre me incomodaram, fazia me parecer falso. Mas dessa peça eu gostei. E acho que nem foi porque tocava Radiohead na trilha. E nem porque um dos personagens era tão parecido que só faltava gritar o nome de um cara do passado.

Fim da peça, vamos pra um bar. Afinal, estamos na Lapa à noite, beber é obrigatório. Chegar fodida no trabalho no dia seguinte é opcional. O de praxe. Rir do gringo tentando levar a mulata exportação pra cama, falar besteira, rir. É agradável. O mais bizarro foi trocar referências bibliográficas com A Professora de Teatro enquanto ambas citávamos frases de Dostoiévski. E eu vou e falo do lado de uma pessoa com fortes convicções religiosas aquela famosa frase que diz que se Deus não existe, então tudo é permitido. Genial, hein?

Volto pra casa pensando em tudo que tinha acabado de acontecer. Sim, eu penso demais nas coisas. Me pergunto então se o meu futuro é esse. Ir a peças de respeitadas companhias de teatro com iluminação de Maneco Quinderé e fechar a noite num bar mauricinho tentando emular a atmosfera de boteco. Isso é tão pequeno burguês!

Eu compartimentalizo as coisas. Com um grupo de pessoas eu sou aquela que vai a bares mauricinhos e (de vez em quando) programinhas culturais. Com outro grupo de pessoas eu vou a shows de bandas que ninguém nunca ouviu falar. Mas o mais legal e bizarro disso tudo é que até no ambiente comportado eu mantenho minha postura tresloucada do ambiente off-work.

Porrada em você, persona burguesinha. Você nunca vai me dominar.
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