22 outubro 2008

One more murder

Eu sei, o assunto é batido, meio mundo já postou sobre o seqüestro de Santo André, mas tudo bem. O fio condutor do post, pra variar, é música.

Quando eu largo o carro no estacionamento e caminho pro trabalho todas as manhãs passo por bancas de jornais e sempre dou uma olhada nas manchetes. Acho que faço isso pra não me sentir tão alienada, trancafiada num prédio o dia inteiro. Enfim, a capa dO Dia estampava: Anjo Eloá vai salvar vidas. Eu, esse poço de ruindade, pensei logo no exagero. Na boa, o gesto da família é nobre e etc, mas anjo? Menos né?

Eu acho que muito da cagada é culpa da família e dessa mentalidade rural do século retrasado de achar natural uma menina de 12 anos namorar um homem de 19. Tipo, oi, estupro presumido e pedofilia, tudo bem?

O GATE fez merda? Sim, também. Mas nem vou entrar nessa seara porque o post nem é uma análise do caso. O fio condutor disso aqui, já disse, é música. Pois bem, quando eu vi a manchete sensacionalista no jornal e percebi que não estava chocada me veio à cabeça na mesma hora uma música: One More Murder.

A sensação pra mim é bem essa, "one more murder in this town. Don't mean a thing, you get accustomed to the sound". Sinto muito pelo sofrimento da família, torço por uma punição exemplar (dentro dos limites legais) pro Lindemberg, mas é só isso. Uma pessoa morreu. Só. E isso devia bastar pra me abalar mas me espantei com a minha apatia. Com o meu descaso à sacralidade dessa vida.

Chega, a menina morreu, o imbecil tá preso. Vida que segue. Meu mundo não parou pela Eloá. Enquanto ela era baleada eu tava num bar na Lapa bebendo e rindo da cara de gringos que se deixavam seduzir por travestis e prostitutas.

Enfim. Foi mal aí, mas eu não consigo me sensibilizar mais com esta tragédia em particular. Alguém traz a próxima. Saturday night, shot ring out, add one to the body count...

Sem sentido, eu sei.
|