19 outubro 2008

Lawyering my way around

De tempos em tempos o basicão do Direito me salva na vida cotidiana. Daí o título do post, lawyering my way around. Pois bem. Estava eu na Fnac e dou de cara com uma prateleira logo na entrada com 2 box-sets de Star Wars, a trilogia original. Um deles era aquela embalagem de papel meio prateada com 4 DVDs (os 3 filmes e um disco bônus). Do lado desse box-set tinha outro, também da trilogia original, mas composto de 6 DVDs (os 3 filmes e um disco bônus pra cada um deles) e embalado numa caixa de metal. Só tinha uma plaquinha de preço: "Trilogia Star Wars R$91,00".

Fiquei ali naquele dilema de compro não compro porque afinal são R$91. Mas, what the hell, eu trabalho pra financiar minha infâmia e meus surtos consumistas, não é mesmo? Então pronto. Eu trabalho como uma corna, tive uma sexta-feira dos infernos work-related, eu mereço. Peguei a caixa de metal, a coisa mais fofa do mundo, e fui pro caixa. Chegando lá o código de barras acusa valor distinto e a mulher do caixa fala naquele tom robótico "são R$111,30, senhora". E aí começa o show:

- Esse preço está errado, o valor da prateleira é diferente.
- Só um instante, senhora (ela chama um vendedor). O preço da prateleira está diferente.
- Qual o valor da prateleira?
- R$91
- Só um instante que eu vou verificar.
- Você quer que eu o acompanhe?
- Sim.
- Pois não.

Chegando na prateleira, os produtos estão dispostos assim. Daí o vendedor resolve tentar me dizer que o preço de R$91 se aplica a somente um dos produtos lendo a plaquinha do preço.

- Aqui, "Trilogia Star Wars R$91".
- Exatamente. Trilogia Star Wars R$91, as duas são.
- Hum...preciso chamar o gerente pra ver se ele vai dar o desconto...
- Pois não (e eu pensando: mas ele vai dar o desconto nem que eu tenha que recitar os artigos 30 e 35 do CDC aqui).

Resumo da história, eu levei a trilogia pelos R$91 mesmo. Porque se a loja é ineficiente na disposição dos seus produtos a culpa não é minha. Pra usar uma daquelas frases batidas que qualquer um escuta na faculdade: o Direito não protege quem dorme. Fiquei feliz como se tivesse feito um negócio espetacular. Nem fiz. Só exigi o cumprimento da oferta, que é das coisas mais rasteiras e basilares de Direito do Consumidor.

E pra tarde ficar completa, quando chegamos no caixa minha irmã pagou no cartão dela porque ela tem um cartão fidelidade da loja e com isso o estacionamento sairia de graça. Ou seja, eu economizei R$20,30, ganhei estacionamento grátis e ainda levei 2 DVDs a mais. A alegria acaba na segunda quando eu vir o dinheiro saindo da minha conta pra entrar na conta da minha irmã, mas tudo bem. O que importa é isso aqui:
Deixando as brincadeiras de lado um pouco, minha impressão da Fnac é excelente. O gerente não demorou, fui atendida prontamente e ele nem ficou discutindo nada. No momento que ele viu a plaquinha reconheceu o erro e cumpriu a oferta. Pontos extras pra loja.
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