10 maio 2007

E a vida segue...

Eis que o dia amanheceu hoje chuvoso, friozinho. Eu acordei no susto, atrasada. Abri os olhos, olhei o relógio e levantei da cama num pulo enquanto soltava o tradicional "puta que pariu, to atrasada!". Até aí nada, me atrasar de manhã não chega a ser algo catastrófico. Bem, não seria nada demais se hoje não fosse o dia do casamento da sua amiga e ela contasse com a sua presença. Cheguei atrasada? Sim. Mas cheguei. É isso que importa. "Ei, motoqueira!". Sério, foi assim que eu fui saudada. Não, eu não tenho moto. Tudo culpa da jaqueta de couro. Sorriso tímido. Abraço a mãe da minha amiga, aquela que há anos virou "tia". Vamos lá, chegou a hora de assinar os papéis e abandonar a vida de solteira.

Engraçado como eventos assim fazem pensar. Como a gente fica piegas nesses momentos, meu Deus. Tudo que eu conseguia pensar era que minha amiga estava cortando o cordão umbilical. De repente lembrei de quando nos conhecemos. Um ano resolveram marcar o lugar dos alunos em sala de aula e acabamos sentando perto uma da outra. Um dia numa aula de matemática não entendo o exercício proposto (nunca gostei de matemática e a recíproca é verdadeira), ela então me explica. "Hum, entendi...brigada". Daí começamos a conversar. Eu enxerguei por trás da imagem de CDF. Sabe-se lá o que ela enxergou por trás da minha fachada tímida. E lá se vão 15 anos. Páro pra pensar e percebo que ela faz parte da maior parte da minha vida.

Tudo acaba. Oficialmente casados. E eu tenho que correr pro trabalho, nada de almoço comemorativo pra mim. Sou puxada num canto pela mãe da minha amiga. Não lembro das exatas palavras, mas ela me pede que continuemos a cuidar uma da outra. Respondo que não saberia fazer nada diferente disso. Um último abraço antes de ir e já temos a data marcada do open house com doses de vinho do porto. Provavelmente vou levar um vinho tinto e ouvirei piadinhas.

E esse post saiu completamente diferente do que eu pensei que sairia. Pensei que eu me limitaria a escrever uma nota sobre os acontecimentos do dia, aquela coisa escrotinha de querido diário. Acabei escrevendo aqui um emaranhado de memórias soltas e frases perdidas. Bem, agora chega, afinal, eu ainda sou fria e racional como um antigo soldado soviético...


p.s: Eu podia falar do jogo de ontem. Da bravura dos heróis do Flamengo que lutaram até o final. Da torcida que deu show empurrando o time sem parar um instante sequer e soube aplaudir o time, mesmo eliminado. A noite de ontem serviu pra me dar mais orgulho ainda do meu time. Serviu pra mostrar que não há equipe com mais raça e nem torcida mais apaixonada. Mas futebol perde um pouco o sentido num dia como o de hoje né?
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