06 abril 2007

Tem tempo que eu não escrevo aqui. Tipo, meus últimos posts foram de uma superficialidade atroz. Acontece que eu to no meu inferno astral e essa é a época do ano em que eu me questiono então fico pensando e não sinto vontade de escrever aqui. Tá, eu me questiono horrores no Reveillon também. Anyway. A questão é que eu fico pensando (mais do que o normal) sobre os rumos que tomaram a minha vida. Então tá, eu estou mais próxima dos 30 do que dos 20 e com uma fixação absurda em Hollywood do Bukowski. Eu adoro esse livro. Sério mesmo. Nele o velho safado se permite sacanear a indústria cinematográfica com base no contato que ele teve com esse mundo por ter escrito o roteiro de Barfly. E sim, eu tenho Barfly. E acho deveras interessante comparar trechos do livro, relatos de cenas, com o filme. Eu sou doente, claro.

Eu tenho 25 e ultimamente minha vida se resume a trabalhar como uma corna, escrever iniciais, pedir desarquivamento de processo, enrolar o MP de diversos entes da Federação e encher a cara aos fins de semana. E eu preciso beber menos. Porque não é legal no final da tarde do dia seguinte do último porre você ter um flash de memória e falar com a sua amiga “eu acho que em determinado momento eu sentei no colo do fulano”. E aí você reconstrói na sua cabeça a noite com os flashes de memória. Então vem a certeza, sim, eu sentei no colo do fulano. Nada contra, mas é algo que eu deveria lembrar sem maior esforço não é mesmo? Enfim...

Eu e uma amiga fomos visitar a nova casa da minha amiga casada (ela se mudou). Sim, estou falando dessas amigas. Chegamos na porta do apartamento, tocamos a campainha, ela atende. Com uma expressão preocupada ela fala comigo: olha, tem um amigo do beltrano (marido dela) aqui, nós não sabíamos que ele vinha, por favor, não foi armação, você não precisa pegar. Eu tive uma crise de riso porque lembrei de você. Elas acham que eu to passando por uma fase libertina. Eu acho que só agora elas começam a aceitar que a adolescente que elas conheceram não existe mais. O mais surreal de tudo é ouvir as seguintes frases: “cuidado com a mononucleose” e “amiga, faz um exame de sangue pra ver se tá tudo bem com o seu fígado”. Surreal, muito surreal. Mas contando perde um pouco do impacto, só vendo mesmo pra perceber como tudo era absurdo.

Conclusões a que chego hoje: Eu reclamo sem razão. Mas acho que isso é uma característica inerente à espécie humana. Somos eternos insatisfeitos. E eu sou pior ainda por causa da minha profunda identificação com a Florbela Espanca. Sinto sede de infinito. Bem, vamos acompanhar a evolução do inferno astral até o dia em que eu completar 26 e mais um ciclo se iniciar.
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