11 janeiro 2007

Tenho que aprender a me calar...

Estava eu na casa de uma tia e começa uma história de pai. O pai em questão era o meu avô. Lá pelas tantas minha priminha de 6 anos dispara pra mim "o que você tá falando de pai? Você não tem pai". Faz sentido ela pensar assim. Ela era pequena demais pra lembrar do meu pai. Chegou até a me perguntar o nome dele. Enfim. O problema é que eu tava com sono e tinha bebido, aí pra falar merda é um pulo né? Pois bem, digo eu que sim, tenho pai, mas escolhi não ter. Na boa, digressões sobre quebra de relações familiares com uma criança de 6 anos? Onde eu estava com a cabeça?

- Como assim você escolheu não ter pai?
- Eu escolhi, não queria mais.
- Por quê?
- Hum...
- Porque ele era chato?
- Era.
- Chato como?
- Hum...chato...(algum resquício de sanidade eu tinha que manter)
- Mas por que era chato?
- Um dia, quando você for maior um pouco, eu te conto.
- Mas eu quero saber agora!
- Agora não, quando você for maior prometo que conto.


Ela pareceu aceitar. E eu pensando que ela não tinha ouvido quando falei que preferi não ter pai. Vá entender em que crianças prestam atenção...

Engraçado que lendo isso aqui o discurso parece amargo e isso não condiz em nada com a realidade. A conversa foi num tom amigável, doce. As coisas estão tão bem resolvidas na minha cabeça que eu acho que o jeito blasé com que falo sobre isso deve chocar os outros.

Já ouvi tanta besteira de quem não entende nada sobre o assunto. As pessoas parecem querer sempre padronizar as situações. Há quem pense que eu tenho raiva dele (nem mais isso eu sinto, essa fase passou alguns anos atrás). Há quem ache que eu me afastei bancando a revoltada só porque meus pais se separaram. Essa última me irrita horrores. Isso é, no mínimo, me achar uma imbecil. Eu faço as minhas escolhas com base no que vejo, no que sei. Eu decidi que na minha vida não há espaço pro meu pai. Mas vocês não esperam que eu ponha aqui meus motivos e devasse a minha vida dessa forma né?

Esse é um jeito prático de levar a vida. O que é bom fica, o que é ruim descartamos. Isso nunca me impediu de fazer parte sim de uma família completamente pirada, mas que se ama. Mas que eu preciso aprender a não falar essas coisas perto de crianças, isso eu preciso...
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