04 janeiro 2007

Sabe aquelas coisas que você acha que só acontecem contigo? Pois é. Depois de ler um post em que ele fala que pegou táxi com um motorista emo, lembrei que eu já peguei táxi com um motorista que alegou já ter trabalhado com segurança pessoal e prestou serviços para o prédio onde morava a namorada do filho do Collor quando ele era presidente. Lembrei também que já peguei táxi com motorista surdo. Isso é difícil de superar.

A do motorista surdo foi um dia que saí tarde da faculdade. Como eu ia saber que o inocente ponto de táxi na porta da universidade tinha um motorista surdo e que justamente eu seria a passageira dele? Bem, eu devia ter desconfiado quando o cara bateu no ombro do motorista e falou alto o destino. Lógico que ele não era completamente surdo, ele devia ouvir alguma coisa. Eu acho. Só sei que ele andava com um bloquinho pro passageiro ir anotando possíveis indicações. Bem, existe mais de um caminho possível para a minha casa. Ele fez o caminho dele, um que eu nunca faço, mas deixa quieto né? E eu pensando “fodeu na hora que eu tiver que explicar o caminho por dentro das ruas vizinhas”. No fim eu cheguei em casa bem e é isso que importa. Eu lembro que era época eleitoral e o motorista surdo me entregou um santinho da mulher dele, que era surda também e candidata a deputada. Ou seria vereadora? Ah, sei lá, só lembro que a mulher era candidata. Aí na porta do meu prédio ele me entregou o santinho e apontou pra foto dela e pra ele e se esforçou pra dizer “minha mulher”, pedindo voto e tal. Achei fofo.

Ainda sobre táxis, teve o motorista com jeito de viado. Foi no aeroporto, na volta do show do U2. Uma chuva do caralho e eu me meti num daqueles táxis especiais. Aquele vermelhinho extorsivo. Pois bem. Eu tava super cansada porque tudo que podia dar errado com o meu vôo deu. Aí o cara começou a puxar papo e eu embarquei na conversa. Acabei contando todo o caos que foi o vôo de volta. Ele perguntou se eu morava com os meus pais e eu disse que sim. Aí ele com a voz mais viadesca que você puder imaginar fala “mas você ligou avisando né? Porque mãe sempre fica preocupada...”. E eu me controlando pra não gargalhar.

E teve também o taxista que me levou pro Tim Festival e falou que já tinha levado uma passageira que morava no meu prédio. Bem, acontece que a passageira em questão era a minha irmã e ele reproduziu uma conversa dela ao telefone com uma amiga falando mal de um cara do trabalho. Ele pareceu se divertir ouvindo a minha irmã dizer que o cara do trabalho devia ficar quieto ao invés de se meter a falar inglês com o vocabulário “the book is on the table” dele.

Também teve a vez do Kalesa (tradicional inferninho no centro que depois foi tomado pelo hype). Saio eu de casa com a minha carinha inocente e o cara pergunta o destino e eu falo a rua no centro da cidade. Quando a gente vai chegando mais perto eu aviso que é o Kalesa. Se eu ganhasse um real a cada cara de espanto que fazem pra mim... Aliás, no Kalesa uma menina tava falando no celular no banheiro e me perguntou se eu sabia o endereço. Respondi, ela agradeceu, saí do banheiro. Achei o rosto conhecido, fiquei cismada achando que ela era da faculdade (creiam-me, na época fazia sentido). Algum tempo mais tarde ela passa por mim de novo, me reconhece e cumprimenta. Eu sorrio de volta educadamente e de novo fico cismada que ela deve mesmo ser da faculdade. Pra resumir a história, ela não era da faculdade. Ela era uma atriz de malhação.

Enfim, com o tempo vou contando mais bizarrices. Acho que eu devia tentar ser menos desligada em 2007. E gastar menos com táxi também...
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