30 março 2008

Not Myself

Eu podia chegar aqui e postar mais um daqueles diálogos infames onde alguém me sacaneia ou eu mesma faço isso (eu, a rainha do humor auto-depreciativo). Eu podia postar uma conversa no trabalho onde ouvi a frase "Dra. que tipo de rock você escuta?" e que rendeu boas risadas por uma série de motivos (o principal é que eu já pedi trocentas vezes pra pessoa em questão não me chamar de Dra., principalmente em conversas casuais).

Eu podia fazer mais um post sobre música e falar que eu descobri uma banda chamada Lesbians on Ecstasy e outra chamada The Metrossexuals. Podia falar que achei I Will Possess Your Heart do Death Cab For Cutie absolutamente genial (apesar da música ter uns 8 minutos e ter uma introdução de 4 minutos e meio).

Eu podia escrever que ainda estranho essa vida de gente grande de chegar no trabalho, cumprir horário, ir a reuniões, decidir coisas, supervisionar gente, ter estagiário e trocar cartões de visita depois de um almoço com possíveis parceiros de atividade.

Eu podia falar da sensação de insegurança que toma conta de mim desde o incidente. Do comportamento quase agorafóbico de tempos em tempos. Dos medos diários no trabalho, de que descubram que eu sou uma fraude.

Eu podia falar sobre como fico ansiosa com a proximidade de alguns shows, com a espera do vazamento do CD novo daquela banda que não lança nada desde 2006. Com as lembranças de Paul Banks cercado de goteiras na Fundição Progresso.

Enfim, eu podia falar sobre um monte de coisas. Mas a sensação que eu tenho é que agora não é o momento. E tem tanta coisa passando pela minha cabeça, tantos questionamentos, tantas escolhas a fazer. Tantas variáveis a analisar. Eu acho que eu preciso de terapia pra não surtar porque não me sinto muito eu mesma ultimamente. E usar a desculpa picareta de que a culpa de tudo é o stress e o cansaço não me agrada.

Eu sei, parece o post de alguém descontente em algum grau com a própria vida. Isso é o mais estranho de tudo. Porque eu posso reclamar mil vezes das coisas e bancar a revoltadinha da estrela mas sei que levo uma vida confortável. Eu posso vir aqui e fazer mil posts introspectivos e/ou pessimistas e no minuto seguinte estou rindo e falando alguma besteira.`Porque na vida prática eu não me apego a essas coisas, só quando entro numas de racionalizar e pensar em tudo. Overanalyze. Bem, é um dos meus defeitos.

Tenho pensado na subliminaridade do meu comportamento. Na minha constante defesa. Disse a uma amiga que eu não tenho jeito com as pessoas e é verdade. Às vezes acho que sou demasiadamente formal com as pessoas ou que mantenho uma distância segura. Já notei que tenho a mania quase militaresca de entrelaçar as mãos nas minhas costas, quase um soldado em "descanso". Eu não fico de conversinha quando não tenho assunto. Sou péssima com essas conversas de "e aí, como vão as coisas?". Todas elas têm constrangedores silêncios que eu procuro evitar. Por isso eu não converso com a maior parte dos meus contatos no MSN. Nada contra eles, é só falta de jeito.

Eu ando muito sem saco pra adultos que se comportam como crianças. Pra gente em cima do muro. Ando muito sem saco pra gente pobre de espírito. Pra quem acha legal crescer nos erros alheios. Para gente incoerente, que diz uma coisa e faz outra. Pra gente covarde que não banca suas escolhas ou então evita até se posicionar na vida, isso é pior ainda (spineless people disgust me).

Enfim, deve ser culpa do inferno astral.
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