15 agosto 2007

Sintoma de insanidade

Já deixamos claro que eu ando à flor da pele, irascível, descompensada, estressada, chamem como quiserem, certo? Pois bem. A prova cabal de que eu não sou normal veio por volta de 10:30 da última terça-feira.

Levanto, pego minha matéria, alguns exercícios e vou me sentar pra estudar. Do nada me pergunto onde está minha lapiseira. Não a vejo em lugar algum. Estranho, eu a deixei na mesa ontem, do lado do cartão de crédito. O cartão tá aqui, mas cadê a lapiseira? E então sou tomada por uma onda de terror. A porcaria da lapiseira já viu melhores dias, mas eu adoro aquela coisa. Canetas vêm e vão, mas a lapiseira permanece.

Faço rápidas contas na minha cabeça e descubro que eu comprei a porcaria da lapiseira em algum lugar nos anos 90. Acho até que antes de 95. Isso significa que aquela Pentel preta, grafite 0.5 me acompanhou por algumas provas do primeiro grau, todas do segundo grau, pelo vestibular e ainda resistiu bravamente por todos os anos da graduação na faculdade. E isso é completamente insano. Sentir apego sentimental por uma mera lapiseira. Mas eu vou te contar, encarar a perspectiva de fazer mais alguma prova sem ela me arrasou por uns instantes. Eu não ando a fim de exercícios dissociativos agora.

Começo então a busca pela lapiseira perdida. Indiana Jones perde no quesito esforço arqueológico. Olho debaixo da cama, do sofá da sala, procuro em cômodos que não fazem o menor sentido enquanto murmuro coisas do tipo "se alguém pegou sem eu saber e tirou do lugar eu mato". Dizem que taurinos ficam muito irritados, putos da vida mesmo, quando suas coisas são tiradas do lugar. Eu não entendo nada de signos mas sou obrigada a concordar com essa afirmação. Enfim, procuro e não acho. Resolvo olhar debaixo da cama de novo, olho dentro de um sapato (vai que caiu o chão, quicou e foi parar dentro de um sapato? Eu já falei que física não é o meu forte? Eu sou de Humanas, ora). Procuro dentro de uma caixa de sapato (como se a lapiseira tivesse se jogado pra dentro de uma caixa fechada). Nada. Volto para a mesa, olho pro chão, não vejo em lugar algum. Até que percebo que ela caiu pra cadeira.




Pronto, o mundo faz sentido novamente.

p.s: eu guardei a caneta que eu usei quando fiz vestibular. Nunca mais usei, mas de vez em quando olho pra ela e penso que foi com ela que eu cheguei onde eu queria. Talvez seja uma espécie de relíquia de guerra.
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