19 agosto 2006

Sabe quando você acha que uma coisa é extremamente clichê e inverídica sua vida inteira e então percebe que ela aconteceu contigo? Pois é.

Falemos então do clichê da falta de tempo. Porque quando eu era adolescente eu achava que essa história de falta de tempo não existia. Como assim alguém não tem tempo de pegar o telefone pra dizer oi? Como assim uma pessoa não tem tempo de encontrar alguém que mora duas ruas depois da sua? Impossível. O conceito de falta de tempo era tão intangível quanto hum...quanto não achar química uma matéria muito chata.

Alguns anos passam e você percebe que não conversa com a sua melhor amiga há umas 2 semanas. Você fala nela, mas não com ela. Você percebe que tem mais histórias envolvendo amigos do trabalho do que seus amigos antigos. Pior ainda, você compra um livro e só consegue começar a ler 2 semanas depois.

Aí você finalmente pega o livro pra ler. Um thriller de tribunal. Você vai pulando aquelas páginas com os dados do livro, referências de catalogação, agradecimentos. O que vem na página seguinte, a primeira antes do livro começar mesmo, soa como uma espécie de piada cósmica. De todos os livros você escolhe logo um que tem um trecho d'As Confissões de Santo Agostinho (Livro IV, Capítulo VII): "Para onde meu coração fugiria, em busca de refúgio do meu coração? Para que lado ele voaria, onde não me seguiria? Em que lugar não seria presa de mim mesmo?".

Se eu acreditasse em sinais ficaria impressionada...
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