02 julho 2006

Ainda sobre a Copa: músicas e propagandas

Nesse exato instante eu deveria dar atenção a assuntos mais produtivos. Mas estamos no day after da eliminação ( e eu ouvindo Song to say goodbye do Placebo). Dias seguintes são os piores. Ainda não sei bem como concatenar as idéias num discurso lógico. E nem sei porque me sinto assim. Porque desde o início eu fui a primeira a dizer que não levaríamos o título. O problema não é perder, é como perdemos. Perder faz parte do jogo. É uma parte desagradável dele e tal, mas é parte. Foda é aguentar falta de vontade.

Eu lembro do clima pré-Copa. Um oba-oba miserável. Melhor do mundo pra lá, "melhor safra de jogadores desde 82" pra cá, comerciais exageradamente otimistas e aquele clima de a-taça-do-mundo-é-nossa-com-o-brasileiro-não-há-quem-possa. Mas o que me garantiu, ainda antes da Copa começar, que nós perderíamos foi o comercial da Aracruz Celulose. Alguém reparou quem cantava? Pois é, Gilberto Gil. Alguém lembra a última vez que ele fez uma música pra seleção em Copa do Mundo? Eu lembro. Foi em 98. A música se chamava Balé da Bola e o CD veio encartado no Globo de Domingo. Pra piorar, a música da propaganda da Aracruz é uma versão requentada de Balé da Bola. Gilberto Gil, seu pé-frio!!!

Então começou a Copa e a música da seleção era Epitáfio. Epitáfio!!! Péssimo sinal. Não bastasse isso, a música é cheia de lamentos e fala sobre confiar no acaso quando andar distraído. Não preciso nem dizer o que aconteceu com o titã que andava distraído.

Seleção entra em campo e é aquele jogo lento, arrastado. Lembro de Epitáfio e, por mais que não escute esse tipo de música, esbravejo: Epitáfio não, alguém chama a Ivete Sangalo pra acelerar essa gente!!! Porque jogador de futebol entende é isso, essas coisas mais popularescas mesmo.

Pra piorar tem o comercial da Brahma. Olé Brasil, traz a sexta estrela pra cá. O Brasil tava jogando mal e eles insistindo nisso de olé, de que nós somos fodas e não tem pra ninguém. Vale lembrar que o comercial da Brahma ainda conta com a presença do Latino, que não tem a menor relevância, a menor identificação com seleção nem nada, puro oba-oba. Seguimos para o Guaraná Antartica. Entra um caminhão em campo e sai a seleção. Num clima total popstar.

Vivo: o patrocinador oficial faz uma campanha onde os celulares são melhores do que o que se vê em campo, tanto que ninguém presta atenção no jogo. E ainda tem aquela propaganda pipoqueira em que um cara diz que cobrar um pênalti é muita responsabilidade e amarela.

Santander Banespa: toooooooodos os jogadores com a mesma conversinha de melhor do mundo. Então tá né, somos os imbatíveis, os escolhidos. Humpf...

O que todas essas propagandas têm em comum? Todas tratam os jogadores como celebridades, mais do que como jogadores. Todas exaltam o nome e fama individual deles, nenhuma fala de time, conjunto, garra, vibração. Todas apontam a seleção como algo inatingível, os deuses do futebol. Nenhuma, repito NENHUMA aposta no maior clichê do futebol nacional: a pátria de chuteiras. O mesmo clichê que foi marteladíssimo na última copa.

Enfim, eu queria agora um cartaz com 2 mãos, uma aberta batendo na mão fechada em punho com os seguintes dizeres: Eu já sabia!

Em tempo: toda vez que o Bono Vox veste a camisa da seleção e diz torcer por nós a seleção perde. O U2 se apresentou 2 vezes no Brasil, em 98 e 2006. No show desse ano ele chegou a colocar no telão o tema Copa do Mundo. Tinha a imagem da taça, o Ronaldo e o Bono ficou falando em hexa. Bono, por favor, não venha em 2010!!!
|